A extinção do Homo Sapiens. Como pensar num mundo que não pensa.


23/04/2020 às 18h38
Por Aline Almeida de Carvalho

Monopólios cada vez mais poderosos querem abarcar a existência em sua totalidade, cada vez mais se tornam nossos assistentes pessoais com sua imensa capacidade de oferecer diversos produtos e muitas vezes recorremos a eles automaticamente em busca de consumir , esse monopólio da tecnologia querem moldar a humanidade, os fundadores dessas grandes empresas fazem pronunciamentos sobre a natureza humana, sobre a visão de natureza humana porém sua pretensão é de impor ao indivíduo o consumismo.

As empresas de tecnologia acenam para a individualidade mas sua visão de mundo se afasta disso, trituram os princípios que protegem a individualidade, privacidade e desrespeitam a todo tempo o princípio da autoria, essas grandes empresas esperam a automatização das escolhas que fazemos todos os dias, sejam elas grandes ou pequenas, é muito difícil não se encantar por essas empresas e suas ideias, já passamos muito tempo nessa fase de encanto e não nos damos conta das consequências desse monopólio, devemos resgatar a individualidade perdida e sempre que possível não terceirizamos o raciocínio para as máquinas e as organizações que operam as máquinas.

Nossos hábitos intelectuais estão sendo embaralhados pelas empresas hegemônicas, elas são vigias de nossos hábitos, nosso gosto, hierarquizando nossas informações com imensa supremacia, essas empresas tem o poder de definir nossas escolhas reformulando toda a cadeia cultural com um único objetivo, auferir lucros e nesse império o conformismo é algo perigoso pois a influência dessas empresas acabam com a diversidade competitiva da humanidade.

A possibilidade de contemplação esta sendo destruída pelas empresas de tecnologia, elas estão criando um mundo onde estamos a todo tempo sendo vigiados e distraídos, o ativo destas empresas são a nossa atenção e com isso obtêm significativamente uma alteração da evolução humana, estamos fundindo as máquinas e as empresas que controlam as máquinas, devemos resistir a esses jornais personalizados.

Os monopolizadores da mente , os gigantes das tecnologias tornou cada indivíduo mais forte, eficiente e empoderado, essa sensação que a vida será mais feliz com o indivíduo online, essa interconexões entre todas as pessoas do mundo incorporou a nomenclatura da tecnologia moderna e engrandeceu vários projetos ambiciosos com a intenção de lucrar com a criação de redes e mídias sócias.

A teoria google foi uma das maiores inovações da humanidade, a elite tecnológica conseguiu montar um inventário valioso de informações e buscas, com isso dão início a projetos ambiciosos e conseguem entrar em qualquer projeto com convicção quase teológica, seu maior objetivo é transformar a vida no planeta , sua crença em suas habilidades as vezes ultrapassam a realidade de suas competências e isso pode ser considerado perigoso.

A nova forma de entender quase tudo em termos tecnológicos se baseia na criação de máquinas com capacidade para igualar ou, quem sabe, ultrapassar a inteligência humana, hoje as máquinas resolvem quase tudo e isso retrata uma reconfiguração do futuro com possibilidades transcendentais, uma máquina imune as parcialidades humanas talvez seja uma ambição das grandes empresas de tecnologia.

Nossa mente é o lugar que ocupa tanto o intelecto quanto a alma imortal, nossa capacidade de raciocínio é algo divino, somos seres pensantes que podemos existir sem um corpo, esses poderes divinos inatos e a tecnologia tem essa capacidade de emancipar a mente humana e grandes empresas tecnológicas tem metas em triunfar neste ponto, transformar a libertação do cérebro em engenharia da computação.

As questões que envolvem direitos individuais e propriedade intelectual passam despercebido nessa geração cibernética , um mundo sem lei que não tem norte para gerenciar seus conteúdos, as grandes empresas tecnológicas causaram um roubo intelectual com proporção histórica para manter sua supremacia e seu mecanismo de busca definitiva, essas empresas de fato não sofrem com concorrências e são soberanas em suas indústrias, suas convicções dominam o mundo.

A libertação pessoal que traduz as mídias socais retrata a essência da incompreensibilidade do comportamento social, todo indivíduo tem liberdade de fazer e falar o que pensa, a expressão da própria individualidade e a sua participação torna uma geração formadora de opiniões, esse sistema que possibilita tudo isso tem uma hierarquia muito clara, um emaranhado de regras e procedimentos que seleciona informações para benefício final da empresa, a todo tempo vigia usuários, esse é o engodo mais óbvio na meteórica carreira do cérebro que está por trás disso tudo, as mídias sociais alteram o comportamento das pessoas e a todo tempo fazem experimentos e moldam nossa democracia.

Os “likes” são capazes de traduzir aspectos psicológicos de seus usuários, eficiente em saber o que a gente deseja e o que a gente ignora, isso tem uma grande influência sobre a produção de filmes da Netflix , são encomendados de acordo com a automação das redes sociais, a engenharia da computação enxergam os seres humanos como dados e todo o esforço é no sentido de tornar os seres humanos previsíveis prevendo seu comportamento e fazendo com que sejam mais fáceis de manipular, somos os parafusos e os rebites de um ambicioso projeto.

Tecnologia nos cega com sua magia, a magia também pode desaparecer, as coisas boas não precisam ser estáticas, imutáveis, ler livros ainda é a salvação, a leitura silenciosa, a contemplação particular que possibilita a sensação persistente de que o papel, e só o papel, consegue induzir esse estado.

Pode ser que nosso futuro digital seja tão glorioso quanto anunciam, ou talvez seja um inferno distópico mas como cidadãos e leitores, há muitas razões para jogarmos um balde de água fria nessa história.

Somente as políticas governamentais podem de fato fazer frente aos monopólios que controlam cada vez mais o mundo das ideias, contudo, nós podemos encontrar momentos para nos retirarmos voluntariamente da órbita dessas empresas e de seus ecossistemas, não se trata de abandonar o barco, mas de proporcionar momentos para nós mesmos.

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Referências

O mundo que não pensa. A humanidade diante do perigo real da extinção do homo sapiens - Franklin Foer.


Aline Almeida de Carvalho

Bacharel em Direito - Salvador, BA


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