A transição para a era digital trouxe profundas mudanças em diversos setores, e a advocacia não ficou imune a essas transformações. Nos anos 2020, os advogados enfrentam o desafio de se adaptarem a um novo estilo de fazer advocacia no Brasil, marcado pela crescente incorporação de tecnologias. Essa adaptação não só altera a dinâmica de trabalho, mas também exige uma reconfiguração das habilidades e competências tradicionais da profissão.
A digitalização dos processos judiciais é um dos aspectos mais visíveis dessa transformação. A implementação do Processo Judicial Eletrônico (PJe) e a Resolução nº 345 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que estabelece o Juízo 100% Digital, revolucionaram a tramitação processual. Embora esses avanços tragam benefícios como maior agilidade e redução de custos, eles também impõem aos advogados a necessidade de dominar ferramentas tecnológicas e adaptar suas práticas à realidade digital. A resistência à mudança e a falta de familiaridade com as novas tecnologias são obstáculos significativos que os profissionais precisam superar.
Além da digitalização, a automação e a inteligência artificial emergem como forças transformadoras na advocacia contemporânea. Ferramentas como o Watson da IBM e plataformas de Legal Analytics permitem automatizar tarefas repetitivas e realizar análises preditivas, aumentando a eficiência e a precisão das estratégias jurídicas. No entanto, a integração dessas tecnologias no cotidiano dos escritórios de advocacia demanda investimento em infraestrutura e treinamento, o que pode ser um desafio, especialmente para profissionais autônomos e pequenos escritórios.
A relação entre advogados e clientes também está sendo reconfigurada pela tecnologia. Aplicativos de comunicação instantânea, videoconferências e plataformas de gerenciamento de casos facilitam a interação e o acompanhamento dos processos. Essa nova dinâmica exige dos advogados habilidades de comunicação digital e uma abordagem mais proativa na gestão do relacionamento com os clientes. Além disso, a expectativa por maior transparência e rapidez nas respostas se intensifica, desafiando os profissionais a se adaptarem a um ritmo de trabalho mais acelerado.
A segurança da informação é outro aspecto crucial nesse cenário. Com a digitalização dos dados, a proteção de informações sensíveis e a confidencialidade tornam-se imperativos. Advogados precisam adotar políticas robustas de segurança cibernética, utilizar criptografia e seguir normas rigorosas de gestão da informação para evitar vazamentos e garantir a integridade dos dados. A conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é essencial não apenas para evitar sanções, mas também para preservar a confiança dos clientes.
No entanto, a adaptação à tecnologia na advocacia não é apenas uma questão de superação de desafios, mas também de aproveitamento de oportunidades. A tecnologia permite a expansão do acesso à justiça, democratizando os serviços jurídicos e tornando-os mais acessíveis a um maior número de pessoas. Advogados que investem em capacitação tecnológica e adotam uma postura inovadora podem se destacar no mercado, oferecendo serviços mais eficientes e personalizados.
Em conclusão, o advogado dos anos 2020 enfrenta um panorama de desafios e oportunidades com o advento da tecnologia. A digitalização dos processos, a automação, a inteligência artificial e a transformação na relação com os clientes exigem uma adaptação profunda das práticas e competências tradicionais da profissão. Aqueles que conseguirem superar a resistência à mudança, investir em novas habilidades e adotar uma abordagem proativa e inovadora estarão mais bem preparados para prosperar nesse novo cenário. A tecnologia, longe de ser uma ameaça, deve ser vista como uma aliada indispensável na busca por uma advocacia mais ágil, eficiente e acessível.
