GLOBALIZAÇÃO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO: E o surgimento de uma identidade transcultural.


01/08/2014 às 10h23
Por Freire e Rocha Sociedade de Advogados S.s.

GLOBALIZAÇÃO, IMIGRAÇÃO E EMIGRAÇÃO: E o surgimento de uma identidade transcultural.

O movimento de pessoas em virtude da globalização é constantemente estudado. O Autor não pretende esgotar o inesgotável assunto, porém reúne informações importantes acerca das consequências ocorridas em virtude destes movimentos. A globalização interfere nas sociedades de muitas formas tranformando-as. A primeira globalização se deu com a descoberta e domínio de novos continentes. A segunda com a mercantilização mundial e atualmente vivemos a terceira globalização, que em virtude das ferramentas virtuais disponibilizadas ao cidadão, acelerou todo o procedimento transcultural.

Palavras chave : Globalização – Imigrante – Emigrante

Abstrac: The movement of people due to globalization is constantly studied. The Author does not intend to exhaust the inexhaustible subject, but gathers important information about the consequences due of these movements. Globalization affects societies in many ways transforming them. The first globalization occurred with the discovery of new continents and its domination. The second with the commercial globalization and currently, we live the third, that’s due to accelerated virtual tools, speeding up the entire procedure interracial.

Keys Word : Globalization – Immigrants

1. INTRODUÇÃO

Conhece-se por imigração o movimento de entrada de pessoas ou populações de um país para outro com o ânimo temporário ou permanente intencionando laboro ou fixação de residência. Nestes termos a imigração trata-se do movimento de grupos humanos provenientes de outras áreas que entram em determinada região intencionando permanecer definitivamente ou temporariamente. Várias são as razões que conduzem à imigração. Busca de subsistência, busca de trabalho ou riqueza, pressões políticas, religiosas ou radicais ou simplesmente por não concordar com a sociedade em que nasceu.

Considera-se a imigração um fenômeno demográfico de grande importância em virtude do grande número de efetivo humano envolvido e também pelos efeitos políticos, religiosos e culturais.

Acerca dos fluxos migratórios a Luciana de Oliveira Dias assevera:

”Os fluxos migratórios internacionais são caracterizados pela mobilidade e deslocamento de grupos humanos e dizem respeito a desejos e aspirações por mudanças que impulsionam as pessoas para fora do seu lugar. São efetivadas por estes agentes estratégias de deslocamento que vão se construindo desde a partida da terra natal, da travessia das fronteiras, da chegada e da tentativa de permanência em um lugar estranho. Uma consideração importante acerca do migrante é que ele é antes de qualquer coisa uma “construção social”( Migrações, trabalho e capitais Goianos(as) no Mundo: um diagnóstico dos processos migratórios internacionais)

Já por Emigrante, entende ser aquele que sai de um país com direção a outro intencionando temporariamente ou permanentemente fixar residência e ou encontrar trabalho. Na verdade este fenômeno funciona como um mecanismo regulador de trabalhadores.

Estas distâncias que mantém pessoas longe de sua terra natal, sua história promove alterações de personalidade por diversos motivos. Estar longe de casa e em adaptação a uma nova sociedade é tarefa difícil e requer muita habilidade. Para Zygmunt Bauman esta distância é apenas imaginária, coisa da criação da mente humana(1999, p.34), mas que de fato cria um abismo em sua identidade, provocando o surgimento de alguém diferente, uma nova pessoa.

Quanto à Globalização, sabemos tratar-se de um fenômeno inegável e suas consequências estudadas mundo a fora ainda é objeto de estudo de muitos. Trata-se de processos de escala global que atravessam fronteiras nacionais integrando e conectando comunidades e organizações em novas configurações de espaço e tempo, tornando as experiências do mundo interconectado. Assim Ilustra Zygmunt Bauman:

“ a globalização está na ordem do dia: uma palavra da moda que se transforma rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para alguns, globalização é o que devemos fazer se quisermos ser felizes: para outros é a causa da nossa infelicidade. Para todos porém globalização é o destino irremediável do mundo, um processo irreversível; é também um processo que nos afeta a todos na mesma medida e da mesma maneira. Estamos todos sendo globalizados...”(Bauman,1999.p.7)

O mesmo Autor manifesta que o significado mais profundo acerca do tema globalização “é a do caráter indeterminado, indisciplinado e de autopropulsão dos assuntos mundiais: a ausência de um centro, de um painel de controle, de uma comissão diretora, de um gabinete administrativo. A globalização é a nova desordem mundial...”(1999,p.67)

Este processo apresenta consequências sociais que às vezes causa uma união de povos, em outras ocasiões uma divisão. Para Stuart Hall, a história da globalização coincide com a era da exploração e da conquista europeia e com a formação dos mercados capitalistas mundiais(Hall, 2003, p.35).

Assevera ainda o estudioso Hall:

“ a globalização tem causado extensos efeitos diferenciadores no interior das sociedades ou entre as mesmas. Sob essa perspectiva, a globalização não é um processo natural e inevitável, cujos imperativos, como o destino, só podem ser obedecidos e jamais submetidos ou variação. Ao contrário, é um processo homogeneizante.....É estruturado em dominância, mas não pode controlar ou estruturar tudo dentro de sua órbita. De fato, entre seus efeitos inesperados estão as formações subalternas e as tendências emergentes que escapam ao seu controle”.

Estes encontros culturais representam uma nova configuração cultural, formando comunidades cosmopolitas via processos de transculturação. Estas ondas de interconexão causam uma transformação social que atingem o globo como um todo.

As comunidades que outrora eram isoladas têm sofrido influência direta deste alcance entre as culturas. À medida em que os povos se interagem parte daquela identidade primária e local é tomada por novos modos de vida que aos poucos vão alterando criando a sociedade cosmopolita.

Então o sujeito pós moderno está com uma configuração diversa sob todos os aspectos, uma vez que sua identidade é fragmentada e sofre influencia de comunidades com costumes diversos. Este assunto se torna muito pertinente, pois as relações humanas a partir daí ficam expostas a uma necessária forma diversa de resolução de dilemas, ora pois, as experiência podem não mais ser a solução, forçando a uma adequação imediata da situação. Parafraseando Bauman: “ aqueles que insistem em orientar suas ações de acordo com precedentes, como aqueles generais conhecidos por lutar novamente sua última guerra vitoriosa assumem riscos suicidas e não favorecem a eliminação de problemas”.(Amor Líquido, 2004,p.11)

A implicação deste transculturalismo está em todas as relações humanas diretas e indiretas, haja vista que o homem é aquilo que pensa e acredita. Neste sentido, advindo de cultura diversa e assumindo ou tentando assumir cultura nova, fica ainda mais difícil encontrar o meio termo onde realmente residirá esta nova interpretação do mundo em que vive e sua real colocação nesta sociedade.

2. IDENTIDADE CULTURAL

Os Estados, buscando ampliar seus horizontes e manter sua potência soberana e preservar sua capacidade de policiar a lei e a ordem, tiveram que buscar alianças e entregar voluntariamente pedaços cada vez maiores de sua soberania, possibilitando a mistura de povos dentro de seu território e deixando os seus patriotas tomarem rumo pelo mundo(Bauman, 1999, p.71).

A miscigenação cultural influencia no caminhar da sociedade, pois o número de integrantes de uma cultura diferente, dependendo de sua colocação social é capaz de influenciar um número de pessoas que formam uma corrente. Esta identidade cultural, muito embora possa sofrer alteração, segundo Stuart Hall:

”A identidade cultural é fixada no nascimento, seja parte da natureza, impressa através de parentesco e da linhagem dos genes, seja constituída de nosso eu mais interior. É impermeável a algo tão mundano secular e superficial quanto a uma mudança temporária de nosso local de residência. A pobreza, o subdesenvolvimento, a falta de oportunidades – os legados do império em toda parte- podem forçar as pessoas a migrar, o que causa o espalhamento – a dispersão, mas cada disseminação carrega consigo a promessa do retorno redentor”.(Hall, 2003,p.28)

Hall assevera que as identidades nacionais estão desintegrando em virtude do resultado da homogeneização cultural da pós modernidade. Com isso as identidades locais estão fragilizadas cedendo lugar às comunidades com identidades híbridas (Hall,2003,p.69).

Uma vez tendo a cultura alterada, a comunidade assume uma diversa forma de vida cotidiana, pois a cultura é a soma das descrições disponíveis pelos quais as sociedades dão sentido e refletem as suas experiências comuns.(Hall,2003,p.135). Bauman assevera que testemunhamos hoje um processo de reestruturação mundial, no qual se constrói uma nova hierarquia sociocultural em escala planetária (1999,p.78).

Percebemos então que a globalização e a interação de povos estão diretamente ligadas, sendo uma causa da outra.

3. A IMIGRAÇÃO NO BRASIL

A história da imigração no Brasil é constituída de pessoas que participaram do suposto descobrimento e colonização. A partir de 1530 os portugueses contribuíram com o plantio de cana de açúcar. Nas primeiras décadas do século XIX os europeus vieram em busca de colocação no mercado de trabalho, mesmo antes da abolição à escravatura.

Com a necessária intenção de desenvolvimento os imigrantes foram chegando aos poucos e teve seu ápice após a abolição da escravatura em 1888 com os imigrantes ocupando as áreas de trabalho nas fazendas de café. Posteriormente a imigração se deu por motivos da interação cosmopolita rumo aos centros urbanos, porém em números reduzidos. Este número acentuou com a vinda dos alemães e norte americanos, estes últimos estabelecendo em São Paulo, trabalhando nas lavoras de café e na capital, contribuindo com a industrialização paulista.

No período de 1890 a 1900 o número de imigrantes que entraram em nosso país foi duas vezes maior que que as entradas registradas nos 80 anos anteriores. Em 1930 o governo, visando proteger os trabalhadores nacionais adotou medida que estabeleceu um percentual limite para entrada de imigrantes. A Constituição Federal de 1934 fixou em 2% o total de imigrantes de cada nacionalidade por ano que poderiam entrar no país. Foi chamada de lei de cotas e foi bastante discutida pelos legisladores da época e direcionadas ao controle de imigrantes que povoavam nosso país. Em belo artigo articulado por Endrica Geraldo, esta oportuniza uma ótima interpretação acerca da discussão travada pelos legisladores da época e suas preocupações com as consequências da miscigenação, segurança e soberania racional.(http://segall.ifch.unicamp.br/publicacoes_ael/index.php/cadernos_ael/article/viewFile/157/164)

Este movimento ocorrido em nosso país trouxe uma grande alteração na comunidade que aqui existia, influenciando em todos os segmentos. A Industrialização do país se deu em virtude desta interação de povos. No sudeste do país os imigrantes contribuíram para os investimentos em várias áreas do setor produtivo. Os portugueses contribuíram na formação cultural. Os franceses influenciaram nas artes, hábitos sociais. Os italianos influenciaram nos costumes, na arquitetura e também na culinária. Os alemães contribuíram na indústria e também nas atividades da agricultura. Os japoneses trouxeram a soja e a cultura de uso de legumes e verduras. Os libaneses e outros árabes contribuíram em sua rica culinária.

Após a crise mundial que assolapou as economias mundiais desde 2008, o Brasil voltou a receber imigrantes de todos os lugares de mundo em menor número, mas em um movimento constante de chegada.

3.OS IMIGRANTES BRASILEIROS

Processo diverso do ocorrido com a vinda dos imigrantes para o Brasil ocorreu com milhares de brasileiros que se dirigiram a diversos lugares do globo em busca de uma vida melhor. Impulsionados pelas péssimas situações financeiras vividas no país nas décadas de 80 e 90 motivaram a emigração de brasileiros para diversas partes do mundo. O processo de globalização, inicialmente causou uma confusão nas economias. Após terem seus planos de soberania dominado, as economias superaram as primárias interferências de outras economias no mercado interdependente e com o envio de seus trabalhadores passou a colher frutos deste processo, pois os trabalhadores passaram a enviar muitos dólares para a economia interna, movimentando cidades inteiras. Estima-se que atualmente são cerca de 1.2 milhão de brasileiros nos Estados Unidos, 300.000 no Japão, 450.000 no Paraguai e carca de 600.000 distribuídos na Europa. Há uma grande dificuldade em se angariar um número oficial de brasileiros vivendo no exterior, uma vez que a maioria dos imigrantes sai do país sem, contudo prestar a informação que esta saída será permanente. As imigrações não é fato novo. No século passado, cerca de 50 milhões de pessoas deixaram a Europa em direção aos Estados Unidos, América Latina e Austrália. Um fator que diferencia a imigração do século passado da que vivenciamos atualmente é que os primeiros imigrantes permaneceram desconectados da sua terra natal enquanto os imigrantes da atualidade mantém, em virtude da facilidade de comunicação, uma ligação considerável com seus lugares de origem (DIAS, 2013).

4. OS EMIGRANTES GOIANOS

Os goianos emigraram para outros países em busca de uma vida melhor como os demais brasileiros. Os primeiros emigrantes goianos foram uns hippies que foram para São Francisco, nos Estados Unidos. Um deles ficou rico com uma rede de pizzarias e chamou a atenção, assim narra os populares.

A relação de goianos com a emigração tomou corpo na década de 80 e alcançou seu ápice até a metade da década de 90. Em 1990 esta emigração alcançou números elevados com a saída de milhares de goianos rumo ao exterior. Em entrevista à revista da UFG em 2011 o Secretário de assuntos internacionais do Estado de Goiás, Elie Chidiac presta a informação de que existem cerca de 300.000 goianos no exterior. Destes, cerca de 200.000 estão nos Estados Unidos e cerca de 100.000 estão na Europa. Segundo IBGE, Goiás é o estado que mais apresenta o maior número de emigrantes por cada mil habitantes. A partir de uma análise das redes migratórias existentes entre os goianos, percebe-se que os laços formados entre indivíduos é o que enrobustece, impulsionam e mantém o ato de migrar.

Os benefícios que os emigrantes garantem aos seus parentes que aqui permanecerem é amplo. Existem comunidades em nosso estado que eram conduzidas completamente com os fundos advindos dos trabalhadores do exterior. Estes emigrantes foram em busca de uma colocação no mercado de trabalho e muitos destes enviam milhares de dólares mensalmente para o sustento das famílias que aqui ficaram e ainda para fazerem investimentos variados. Tal interdependência financeira possibilita também uma interação cultural, mesmo sem pretender.

Esta vida longe de casa realmente força uma interação de cultura imediata. Em sua bela tese de doutorado a esforçada Reijane Pinheiro da Silva menciona que a identidade destes emigrantes são reforçadas, negociadas e até mesmo negadas no contexto desta vida no exterior.

A convivência em outra comunidade por um tempo relevante faz com que as atitudes diárias, os costumes cotidianos se alterem para sempre. Evidentemente muitas ações são somente adequação ao novo estilo de vida, mas muitas são muito mais que isso, pois se tratam de alteração perpétua. O pior é que esta alteração de identidade causada pela interface de cultura não é percebida imediatamente, não podendo ser norteada para melhor ou pior.

Com a agravação da crise mundial iniciada em 2008 muitos goianos retornaram.

O Estado de Goiás oferece auxílio aos goianos que passam po dificuldade para retornarem ou que passam por problemas diplomáticos. Com reconhecimento já externado diversas vezes pelo trabalho prestado, o estado de Goiás é muito atuante desde 1.999, ano de sua criação. O estado possui um fundo (FUAVE) Fundo de Ampara aos Goianos Vitimados no Exterior, criado para as famílias que não têm condições financeiras de arcar com o traslado dos corpos de entes queridos. A secretaria tem recebido diversos pedidos de repatriação e auxílio de goianos em virtude da falência de seus empregadores e muitas vezes os goianos que estão esposados com estrangeiros buscam o retorno para o estado com a família inteira.

5. A FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE TRANSCULTURAL

Uma das consequências da globalização é a miscigenação dos povos causados pela imigração e emigração. Parafraseando Stuart Hall: “as Identidades pós modernas estão de certa forma descentradas, deslocadas e fragmentadas”( p.8).

Esta teoria da desfragmentação é defendida por muitos estudiosos, sob alegação de que há um tipo diferente de estrutura na base da sociedade do século XX, causando esta fragmentação. Este fenômeno é observado nas paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que no passado havia fornecido robustas informações acerca de localização enquanto membro social.

Para conceituar melhor, Hall apresenta três sujeitos distintos, a saber:

A) O Sujeito do Iluminismo;

B) O sujeito sociológico e

C) O sujeito pós moderno.

”O Sujeito do Iluminismo estava baseado na concepção da pessoa humana como um indivíduo centrado, unificado, dotado de capacidade de razão, capacidade e de ação e que um centro interior consistia em um núcleo que emergia com o nascimento e seguia seu desenvolvimento ainda permanecendo o mesmo.

A noção de sujeito sociológico refletia a crescente complexidade do mundo moderno e a consciência de este núcleo interior do sujeito não era autônomo e auto suficiente, mas era formado com relação às outras pessoas importantes para ele que mediava para o sujeito os valores, sentidos e símbolos, a cultura do mundo que ele habitava. Este sujeito ainda tem um núcleo central interno, porém é formado e modificado num diálogo contínuo com os mundos culturais exteriores e culturais que esses mundos oferecem. Nesta visão vê-se preenchido o espaço entre o interior e exterior.

São estes fatores que estão mudando o sujeito, pois a identidade outrora tida como unificada e estável está se tornando fragmentada, não por não por uma única, mas por várias identidades.

Nestes termos, o sujeito pós moderno é formado não mais por uma identidade fixa, mas sim por uma de caráter móvel, formada e transformada continuamente em relação as formas pelas quais somes interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 2006, p.10-13).”

A união de pessoas de diferentes culturas cria um lar multicultural e seus filhos são diferentes dos outros que não conviveram com culturas diferentes.

Anthony Giddens contribui com o acontecimento:

“O desenvolvimento das relações sociais globalizadas serão provavelmente para diminuir alguns aspectos de sentimento nacionalista ligado aos Estado-nação (ou alguns estados), mas pode estar causalmente envolvido como a intensificação de sentimentos nacionalistas mas localizados. Em circunstancias de globalização acelerada, o Estado-nação tornou-se muito pequeno para os grandes problemas da vida e muito grande para os pequenos problemas da vida”(1991, p.61)

As sociedades pós modernas são, portanto, sociedades susceptíveis de alterações súbitas e permanentes. Hall apud Giddens afirma “acerca do ritmo e o alcance da mudança está relacionado com a forma em que diferentes áreas do globo são postas em interconexão, uma com as outras, ondas de transformação social atinge o globo como um todo”(Hall, p.15).

Hall salienta que : “ o que move a identidade cultural nacional no fim do século XX é um complexo de mudanças que, por conveniência pode ser sintetizado sob o termo globalização” (p. 67).

Nestes termos as experiências adquiridas pelos cidadãos enquanto viveram em outras comunidades de outros países, ao retornarem ao país de origem influenciam de certa foram em sua comunidade local ao mesmo tempo que busca uma reinserção nesta comunidade. O processo que inclui o ato de ganhar a confiança desta comunidade acontece tanto na ida quanto na volta e é um fator importantíssimo para a adequação a esta comunidade. Giddens ainda assevera:

“ podem existir muitos motivos pelos quais uma pessoa se moda de um logar para uma pequena comunidade não consegue ganhar a confiança de seus membros. Nas sociedades modernas, em contraste, não interagimos comumente com estranhos como “pessoas todas” da mesma forma.(1991,p.74)

Trata-se do sujeito multicultural que deve se amoldar à cultura que este encontra na comunidade que decidiu viver no exterior. Posteriormente, ao retornar deve este mais uma vez se amoldar a esta nova sociedade que um dia este fez parte. Porém agora com a mente já completamente diversa daquela de outrora, pois a experiência que este absorveu o fez uma pessoa diversa.

Hall salienta que : “ o que move a identidade cultural nacional no fim do século XX é um complexo de mudanças que, por conveniência pode ser sintetizado sob o termo globalização” (p. 67).

Então o sujeito cosmopolita não o será mesmo nunca mais. Nem é brasileiro, nem tampouco assumiu completamente os costumes do lugar onde viveu assimilando por completo sua cultura. Logo, este deve desenvolver um estilo de vida que deverá adaptar ao seu velho habitat que agora lhe acolhe com suas diferenças.

Adverte ainda Hall que um dos efeitos desta interdependência global é o enfraquecimento da identidade cultural nacional conduzindo à fragmentação e multiplicidade de estilos e pluralidade cultural (p.74).

Esta influência cultural interfere em todas as relações cotidianas e deve ser atentamente acompanhadas para facilitar a readequação sem maiores transtornos. Até mesmo a medicina atualmente já identificou algo patológico e tem chamado de síndrome do regresso em virtude da dificuldade de readaptação social.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

BAUMAN, Zygmunt, GLOBALIZAÇÃO: As consequências humanas, Ed.Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 1999

BAUMAN, Zygmunt, AMOR LÍQUIDO, Sobre a fragilidade dos laços humanos, Ed.Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2004

DIAS, Luciana de Oliveira, MIGRAÇÕES, TRABALHO E CAPITAIS GOIANOS(AS) NO MUNDO: um diagnóstico dos processos migratórios internacionais, Aguas de Lindoia, 2013

HALL, Stuart, DA DIÁSPORA, Identidades e Mediações Culturais,Ed. UFMG, Belo Horizonte, 2003

HALL, Stuart, A IDENTIDADE CULTURAL DA POS MODERNIDADE, 10ªEd, Ed. DP&A, 2006

GIDDENS, Anthony, AS CONSEQUENCIAS DA MODERNIDADE, Ed.Unesp, 5ª ed, São Paulo, 1991

Sites visitados

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http://segall.ifch.unicamp.br/publicacoes_ael/index.php/cadernos_ael/article/viewFile/157/164 Acessado em 28/01/2014 as 22:52

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http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2012/03/1055239-de-volta-ao-pais-brasileiros-sofrem-sindrome-do-regresso.shtml Acesso em 01/02/2014 as 14:00

  • Direito Internacional

Freire e Rocha Sociedade de Advogados S.s.

Bacharel em Direito - Abadia de Goiás, GO


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