Dados vazados, golpes em série e a urgência de proteger quem mais precisa


21/07/2025 às 23h58
Por Julia Agnes

No meu dia a dia como assistente jurídica, especialmente atuando na área de proteção de dados, tenho me deparado com uma situação que vem se tornando cada vez mais frequente e preocupante: a quantidade de dados pessoais vazados é absurda.

E o pior: muitos desses dados estão sendo usados em golpes, principalmente contra pessoas idosas.

Tenho visto isso de perto ao elaborar teses e estudar casos. São inúmeros relatos de idosos que caem em armadilhas digitais, muitas vezes sem sequer saber como ou quando suas informações foram expostas. E o cenário se torna ainda mais alarmante quando essas pessoas chegam até nós após contraírem empréstimos que JAMAIS autorizaram conscientemente, muitas delas sem conseguir explicar quando, onde ou por qual canal o contrato foi feito.

Em muitos casos, descobrem a fraude apenas quando já estão sofrendo descontos no benefício previdenciário ou sendo cobradas judicialmente por dívidas que nunca fizeram.

O que me impressiona é como esses dados essenciais, como CPF, endereço, telefone, dados bancários, estão circulando livremente, e como a vulnerabilidade das vítimas é ignorada por quem lucra com esses vazamentos.

Apesar da existência e aplicação mais recente da LGPD, ainda estamos longe de ver essa proteção acontecer de forma efetiva, principalmente quando falamos dos idosos, que muitas vezes sequer têm meios para se defender ou entender o que está acontecendo.

Esse cenário precisa ser debatido com mais seriedade. Não basta apenas falar sobre proteção de dados no campo teórico ou acadêmico. É na prática que os efeitos são sentidos. E, na prática, os mais afetados são justamente aqueles que têm menos acesso à informação e tecnologia.

Falar sobre isso é parte do meu compromisso como profissional da área.
É também um chamado para que a gente, enquanto sociedade, cobre mais responsabilidade de quem trata nossos dados e, principalmente, cuide mais de quem está sendo deixado para trás nesse processo.

Se você conhece algum idoso que possa estar vulnerável a esse tipo de golpe, converse com ele. Ajude a orientar, a proteger e, principalmente, a denunciar.


A proteção de dados começa com informação, responsabilidade e ação. ⚖️

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Julia Agnes

Bacharel em Direito - Baependi, MG


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