O legado da nacionalidade: O que vamos deixar para o nosso futuro


12/09/2017 às 17h32
Por Juliana M. S. Joaquim - Advocacia e Consultoria - Correspondencia Juridica

Quando se busca informações sobre os processos de obtenção de nacionalidade, encontramos uma imensidão de páginas e artigos relacionados ás vantagens de se obter tal mérito. Sim!! Ser Português tem que ser encarado como mérito, nossos antepassados nos deixaram esse legado.

O que devemos entender é que obter a nacionalidade não é obter mais um título ou mais um documento que nos permita rodar o mundo de forma despreocupada.

Mas sim, se inserir em uma cultura que também é nossa. Está no nosso DNA, mesmo que não tenhamos muito contato com a cultura, os costumes, economia ou a política de lá.

Obter uma nacionalidade não é obter um papel, mas sim resgatar uma identidade a muito perdida, ou pouco explorada.

A maioria dos descendentes de portugueses hoje vem de uma linhagem de lusitanos que chegaram por aqui a 50 ou 100 anos. E se fizéssemos uma análise histórica observaríamos que a situação de Portugal naquela época não era muito confortável. Meus bisavós mesmos vieram fugidos da fome e da guerra.

E assim, vieram famílias inteiras, buscando melhores condições para seus filhos, e acabaram por formar aqui suas novas famílias. A grande maioria posso dizer com segurança, veio deixando uma parte de seu coração em terra lusa.

Pense com sua cabeça lá em 50, 80 anos atrás. Darei o exemplo de minha família. Meus bisavós eram plantadores de batatas na região de Travancas, uma das Freguesias do Conselho de Chaves, que em 2011 (não muito distante do nosso 2017) possuía pouquíssimo mais de 400 habitantes (não, você não leu errado, quatrocentos habitantes!!!) imagine em 1920 quantos não seriam?

O Rock In Rio por exemplo, vende 1oo mil bilhetes por noite, o estádio do Maracanã tem capacidade para quase 80 mil pessoas. Mas minha família vem de uma “aldeia” que cabe 200 vezes em um estádio de futebol. E que vivia basicamente da plantação de batatas, que trocava uma parte com o criador de coelhos, que por sua vez trocava outra parte com o cultivador de grãos. (E acredite, hoje em 2017 em algumas regiões de Portugal ainda se vive assim)

E se a maior parte dos homens jovens vai para a guerra e o frio chega devastando plantações e criações, não há batatas, nem coelhos e nem grãos.

Nesse cenário, meus bisavós desembarcaram no Rio de Janeiro por volta de 1940 com seus 6 filhos todos menores, e aqui criaram raízes.

Anos depois, até seu tataraneto mais novo de apenas 3 meses já possui a nacionalidade do bisavô. A linhagem foi continuada, o resgate cultural e a identidade com as suas origens foi preservada, e continuará sendo ad perpetuam.

Vejam, nem todos vieram nas mesmas condições, alguns vieram por opção, outros por motivos que desconhecemos, mas uma verdade é certa, a necessidade de resgatar as origens de nossas famílias existe.

E essa necessidade de resgatar origens, deixa um legado para nossos filhos e netos. Daqui a 20 anos meus filhos poderão passar esse título para seus filhos e assim sucessivamente. E aos poucos vamos resgatando a identidade familiar deixada com muito saudosismo em Portugal, em 1940 pelos meus bisavós.

Você pode estar se perguntando qual a vantagem disso tudo. Porque desembolsar valores em tempo de oportunidades escassa para levar a diante processos como este que aparentemente não te trariam nenhum benefício a não ser poder entrar na comunidade europeia com passaporte Grená.

Eu te respondo: o futuro.

Nunca se sabe o que nos aguarda no futuro, ou no futuro de nossos filhos. As possibilidades e oportunidades hoje em dia são inúmeras. Mas tenha uma certeza, ter entrada em um pais da Comunidade Europeia abre portas.

Mesmo que hoje existam tratados de cooperação ou de intercâmbio cultural entre alguns países e o Brasil, nada se compara em chegar em uma entrevista de emprego em uma multinacional por exemplo e afirmar que possui elo com um Pais europeu, ou se seu filho no futuro desejar estudar fora.

Possuir a dupla nacionalidade é pertencer a dois solos diferentes, é pertencer ao mundo. Não há tratamento diferenciado pelo fato de ser Português proveniente de um processo de nacionalidade ou se nasceu em território luso. Há aqui a igualdade de direitos, tanto que a Identidade e o Passaporte não se diferem em absolutamente nada daqueles que nasceram lá.

Então, se você chegou até aqui, buscando informações sobre os processos, ou se ainda está na dúvida se vale o investimento. Pare e pense onde gostaria de estar daqui a 20 anos....ou menos... onde gostaria que seu filho adolescente estudasse após o termino do ensino médio, ou onde você gostaria de complementar seus estudos com um Mestrado por exemplo. Melhor ainda, onde gostaria de se aposentar.

E não há nada de errado em pensar: é onde eu gostaria de recomeçar.

O legado português é a herança mais valiosa que nos foi dada por nossos ancestrais quando tomaram a difícil decisão de deixar a terra que amavam, hoje temos a oportunidade de amar as duas pátrias. A nossa de raiz e aquela que nos acolheu, e poder escolher é o melhor presente que nos foi deixado.

Não espere o tempo passar, não se permita partir sem deixar esta oportunidade para seus descendentes. informe-se sobre suas possibilidades, o quanto antes, tenha a certeza que valerá todo o investimento em um futuro bem próximo.

  • Nacionalidade Portuguesa
  • Portugal
  • Nacionalidade
  • Europa


Comentários