Educação e Violência


03/10/2016 às 11h25
Por Laila Frazão A. Chaves

A segurança pública no Brasil, em especial no estado do Rio de Janeiro, é muito mais um problema crônico do que um problema de gestão.

Governo sai, governo entra e a verdade é a que a população do Rio de Janeiro não consegue ver uma melhora efetiva quando o assunto é segurança. E isso vai muito além do que você se sentir seguro na rua, isso abrange todo sistema prisional do Rio de Janeiro e do Brasil.

Muita gente adere a filosofia de “de bandido bom é bandido morto”, ou então da frase “leva pra casa”. Ocorre que todos estamos a mercê da violência e que não é agradável ser roubado ou furtado por exemplo (eu inclusive já fui roubada e furtada, o segundo mais de uma vez) e nem por isso desejo a morte dos sujeitos que me fizeram mal, pelo contrário, defendo o devido processo legal, defendo que o criminoso seja julgado e condenado para que pague pelo que fez.

Como operadora do direito aceitar ou acreditar que bandido bom é bandido morto fere tudo que eu estudei, joga fora os 5 anos que passei na faculdade mais todo estudo aprofundado em Direito Penal e Pocesso Penal parasegunda fase da OAB. E não falo isso em defesa da advocacia criminal, não sou como dizem “advogada de porta de cadeia”, sou uma pessoa que acredita na recuperação do ser humano e principalmente: uma advogada que acredita e luta pela justiça.

Tem jeito. O criminoso tem jeito, o menor infrator tem jeito, mas isso depende de toda uma reforma do sistema carcerário. A cadeia e os estabelecimentos educacionais para apreensão de adolescentes precisam agir de uma maneira para recuperar e não para aumentar a probabilidade do indivíduo reincidir. Enquanto não existir uma política preocupada em ressocializar o indivíduo que cometeu crime, o problema da violentar só vai aumentar.

Educar é melhor que repreender. Educação é o caminho, guarda armada e polícia que abusa do poder não soluciona nenhum problema, apenas aumenta.

Redução da maioridade penal não resolve o problema, os atos infracionais cometidos por quem tem 16 anso passarão a ser cometidos por quem tem 14 anos e assim sucessivamente, até o dia em que irão querer punir uma criança por um crime. Reduzir a maioridade penal não é solução, uma política preocupada em educar, oferecer saúde, lazer e esporte para o indivídio sim, resolve.

O problema com os adolescentes é ainda mais grave, uma vez que estão na fase de formação de caráter, de escolher um rumo para vida. Jovens precisam da chance de serem reeducado e profissionalizados. Jovens precisam de educação, saúde, lazer, cultura. Um adolescente que se encontra em um colégio que se preocupa com a sua formação, que se vê rodeado de possíbilidades, consegue ver além do crime e consegue entender que o crime não leva a nada.

Antes de pensar em colocar mais armamento na rua é melhor pensar em oferecer educação de qualidade, oferecer cultura, lazer, esporte para quem não tem acesso a nada disso. É preciso adaptar o mercado de trabalho para que ao invés de fechar as portas para o ex presidiário , aprenda a dar a chance desse recomecar uma vida honesta e longe do crime.

Repressão não diminui a violência, apenas a aumenta.

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Laila Frazão A. Chaves

Advogado - Nova Iguaçu, RJ


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