5 Mitos que impedem as pessoas de contratar um advogado


14/03/2016 às 00h26
Por Pedro Rocha - Correspondente Jurídico

Tem gente que não procura um médico com receio de descobrir doença. Outros, não consultam um engenheiro com medo de encarecer a obra. Na advocacia, não é diferente. Assim como o médico e o engenheiro, o advogado - por várias vezes - é um profissional que deixa de ser solicitado devido a algumas cismas das pessoas.

Isto acontece porque ainda existe todo um folclore sobre a figura do advogado. Boa parte dele, de fato, é crendice. O contato com o advogado deve ser desmistificado, ainda mais por esta profissão encontrar-se em grande processo de modernização e aproximação com a sociedade. Resolvemos elencar algumas opiniões comuns que afastam as pessoas de consultar um advogado e explicar o porquê destes argumentos serem mitos:

1. Advogados custam muto caro

É verdade que um bom advogado cobra o valor que acha justo. Aliás, fuja dos advogados que cobram excessivamente barato, pois estes acumulam muitos clientes - trabalhando na quantidade, não na qualidade - e muito provavelmente esquecerão seu nome logo após a assinatura do contrato.

Fuja também daquele sobrinho que acabou de tirar a OAB, ou daquele tio que se formou na década passada e há muito tempo não exerce a advocacia. Inexperiência e obsolescência são dois fatos geradores de erros na advocacia, como perda de prazos e erro de análises processuais. Muitos destes erros são insanáveis e terminam por acabar com o bom direito que você tinha.

O bom advogado cobra alto, mas este "alto" nunca será maior que a vantagem que você - como cliente - irá conseguir. Você estará remunerando bem um profissional que te trará ganhos que valem muito mais que seus honorários, sejam em dinheiro ou em inestimáveis vantagens. Afinal, quanto vale a guarda de um filho? Quanto custa limpar seu nome que foi injustamente negativado? Enfim, quanto você pagaria para resolver o problema que te levou até a via judicial?

2. Só ganha causa quem tem dinheiro

Esta é uma crendice muito famosa. A idéia de que quem tem dinheiro sai comprando o judiciário inteiro é comum, principalmente às pessoas que dispõem de pouca informação.

Na verdade, a razão pela qual isto não é verdade relaciona-se com o tópico anterior. Um bom advogado não custa cem reais. Economizar na contratação de um advogado é como economizar na contratação da banda que tocará em seu casamento: no final, você sempre se arrepende de não ter gasto um pouco a mais.

Uma pessoa ganhará a causa não porque é rica, mas porque pagou o justo por um advogado que foi mais técnico e sentiu-se mais motivado a defender seus interesses. Terá ganho a causa não porque comprou o juiz ou desembargador, mas porque preferiu investir em um advogado mais atencioso a ter de gastar depois com os prejuízos suportados pela causa perdida.

3. A Justiça demora muito a resolver meu problema

Tudo bem que a justiça não é super rápida, mas muitos casos podem ser resolvidos no intervalo de até seis meses. Isto acontece em muitos casos que tramitam na justiça trabalhista e nos juizados especiais, seja pelo alcance de um acordo ou pelo próprio trâmite menos burocrático.

Posso estar sendo repetitivo, porém, mais uma vez: um advogado que corre atrás também faz diferença. Um despacho requerendo a intimação de uma parte pode ser cumprido até no mesmo dia, se o advogado estiver em cima; ou pode descansar na secretaria da Vara por vários meses, se não houver alguém agilizando o ato.

Além disso, muitas vezes, o que torna o processo demorado não são circunstâncias processuais, mas fáticas: é um sujeito que não é localizado, uma certidão que a administração não fornece, um documento que alguém não sabe onde foi parar etc. Aí a culpa já não é da Justiça; seu problema demoraria a ser resolvido mesmo extrajudicialmente.

4. Se eu for pra Justiça, terei muito aborrecimento

Se você pensou em procurar um advogado, é porque este aborrecimento já bateu à sua porta. O advogado é quem vai te ajudar a resolver seu problema, dando-te a devida orientação e intercedendo para que este problema não se agrave. Entrar na Justiça não é sinônimo de ter problema, mas de começar a resolvê-lo.

Não há por quê ter medo de juiz, promotor ou de pisar no fórum. Até mesmo quando você achar que não tem razão, a Justiça não se isentará de te servir como lugar neutro, onde você poderá questionar o problema e expor o seu lado da história. Encontrar pessoas de quem não se gosta também pode ser algo chato, mas termina por ser necessário. Na Justiça, você terá a chance de por um ponto final a qualquer situação que cause angústia.

5. Advogados costumam enrolar os clientes

Esta última também é célebre. Ao longo do tempo, criou-se um mito de que o advogado é aquele sujeito enganador. Há piadas neste sentido e o imaginário popular aviva a imagem do sujeito de terno, fala mansa e cheio de segundas intenções.

Como em toda profissão, é claro que há os profissionais mal intencionados. Porém, a cada dia, profissionais mais éticos adentram o mercado e os advogados canastrões encontram cada vez menos espaço para atuar; afinal, um cliente aborrecido não torna a procurá-lo e faz questão de fazer má propaganda.

Um bom advogado fará justamente o contrário: evitará que você caia nas ciladas jurídicas do dia a dia. Escolher um bom advogado é essencial, pois você poderá confiar nos conselhos que ele tem para oferecer e saberá que serão sempre em prol de você como cliente. Enfatizo: valorize os honorários de seu advogado; de repente, você não sabe onde foi parar o dinheiro daquela causa que ganhou e, muito depois, descobre que estava na conta daquele advogado que, no começo, só te cobrou cem reais.

Ou seja,

É papel do advogado, antes de propor qualquer valor de contrato, explicar ao cliente seus diferenciais. Um cliente esclarecido e que se sinta confortável com sua orientação certamente concordará com seus valores. Desmistificar a figura do advogado é tarefa de todos os colegas da profissão.

Do outro lado, as pessoas devem perder o medo de ter contato com o advogado. Neste mundo de informações acessíveis, buscar seus direitos tornou-se algo muito mais viável. Procure, informe-se, busque referências. Um mal advogado pode gerar muitos problemas, mas um bom advogado pode resolver todos eles.

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Pedro Rocha - Correspondente Jurídico

Bacharel em Direito - Fortaleza, CE


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