O impacto da Reforma Tributária no setor do agronegócio


29/10/2025 às 09h26
Por Adrian Bruno Pereira Santos

Resumo

O presente artigo analisa os impactos da Reforma Tributária no setor do agronegócio brasileiro, destacando as principais alterações propostas, seus reflexos na competitividade, na carga tributária e nas cadeias produtivas rurais. Busca-se compreender de que forma a simplificação do sistema tributário poderá influenciar o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade das atividades agrícolas no país.

1. Introdução

A Reforma Tributária é um dos temas mais debatidos no cenário jurídico e econômico brasileiro, tendo como objetivo principal simplificar o sistema de arrecadação e corrigir distorções históricas que afetam a produtividade nacional. O agronegócio, responsável por cerca de 25% do PIB brasileiro, é diretamente influenciado pelas mudanças propostas, visto que sua cadeia produtiva é extensa e depende de diversos tributos, como ICMS, PIS, COFINS e IPI.

Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 132/2023, iniciou-se um novo ciclo de transição tributária que tende a modificar significativamente a forma como o setor rural será tributado, impactando desde o produtor individual até as grandes agroindústrias exportadoras.

2. Principais mudanças introduzidas pela Reforma Tributária

A Reforma propõe a substituição de múltiplos tributos pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). A unificação desses impostos busca eliminar a cumulatividade e garantir maior transparência na incidência tributária.

No agronegócio, essa alteração pode gerar dois efeitos principais:

Simplificação e previsibilidade: com a unificação dos tributos, espera-se redução de custos administrativos e menor complexidade contábil para produtores e cooperativas.

Risco de aumento da carga tributária: a depender das alíquotas efetivas do IBS e CBS, há preocupação quanto à elevação dos custos de produção, especialmente para produtores de pequeno e médio porte.

3. Reflexos econômicos e jurídicos

A neutralidade tributária é um dos princípios norteadores da Reforma, contudo, há receios quanto à manutenção dos incentivos fiscais atualmente concedidos ao agronegócio, como a isenção de exportações e os créditos presumidos de ICMS.

Do ponto de vista jurídico, a transição entre os regimes tributários exigirá atenção quanto à segurança jurídica e à observância dos princípios constitucionais da isonomia, capacidade contributiva e não cumulatividade. Além disso, o novo sistema poderá demandar adequações contratuais e contábeis significativas nas empresas rurais.

4. Perspectivas e desafios

Embora a Reforma Tributária tenha o potencial de simplificar o sistema, o agronegócio enfrenta o desafio de garantir que a nova estrutura não comprometa sua competitividade internacional. A manutenção dos benefícios fiscais para exportação e insumos agrícolas será essencial para evitar desequilíbrios na cadeia produtiva.

A participação ativa das entidades representativas do setor rural nos debates e regulamentações será determinante para assegurar que as especificidades do agronegócio sejam contempladas nas futuras leis complementares.

5. Conclusão

A Reforma Tributária representa um marco histórico para o sistema fiscal brasileiro e traz oportunidades relevantes para a modernização e simplificação das relações tributárias. Contudo, é indispensável que o processo de implementação seja conduzido com cautela, garantindo segurança jurídica e tratamento adequado ao agronegócio, setor estratégico para a economia nacional.

A efetividade das mudanças dependerá da construção de um ambiente normativo equilibrado, capaz de conciliar arrecadação eficiente com estímulo à produção e à sustentabilidade rural.

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Adrian Bruno Pereira Santos

Bacharel em Direito - Paragominas, PA


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