Como Elaborar um Recurso de Agravo Interno


25/07/2024 às 10h23
Por Caio Geraldini

Como Elaborar um Recurso de Agravo Interno

 

O agravo interno é um importante recurso no Direito Processual Civil brasileiro, destinado a contestar decisões monocráticas proferidas por relatores nos tribunais. Este post visa esclarecer e ajudar advogados a elaborar um agravo interno.

1.  O que é o Agravo Interno?

O agravo interno é um recurso previsto no Código de Processo Civil, especificamente no artigo 1.021. Ele permite que a parte inconformada com uma decisão monocrática de um relator solicite a revisão dessa decisão pelo órgão colegiado do tribunal.

Art. 1.021, CPC: "Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas as disposições do regimento interno do tribunal."

2.  Finalidade do Agravo Interno

A principal finalidade do agravo interno é garantir a revisão das decisões individuais dos relatores por um colegiado, assegurando maior controle e correção das decisões judiciais.

Objetivos:

 Revisão de Decisões Monocráticas: Permitir que decisões proferidas individualmente sejam reavaliadas pelo grupo de magistrados do tribunal.

·Ampliação do Contraditório: Proporcionar uma nova oportunidade para as partes apresentarem seus argumentos e defesas.

 

3.  Estrutura do Agravo Interno

A petição do agravo interno deve seguir uma estrutura lógica e bem organizada para garantir sua admissibilidade e eficácia. A estrutura recomendada é

3.1. Preâmbulo

 

- Identificação das Partes: Nome e qualificação do agravante e do agravado.

- Indicação do Processo: Número do processo original e do agravo interno.

·Identificação da Decisão Agravada: Descrição da decisão monocrática que se pretende agravar, mencionando a data e o nome do relator.

 

3.2.  Exposição dos Fatos

 

Breve relato dos fatos que deram origem ao processo principal. Descrição da Decisão Monocrática: Explicação sobre a decisão proferida pelo relator e os motivos do inconformismo.

3.3. Fundamentos Jurídicos

 

·  Base Legal: Citação do artigo 1.021 do Código de Processo Civil que ampara o recurso.

·  Argumentação: Argumentos jurídicos detalhados que justifiquem a revisão da decisão monocrática, apontando os possíveis erros ou omissões do relator.

 

3.4.  Pedido

 

I.  Reconsideração: Solicitação para que o relator reconsidere sua decisão.

II.  Submissão ao Colegiado: Caso o relator não reconsidere, pedido para que o recurso seja submetido ao órgão colegiado do tribunal.

 

4. Requisitos de Admissibilidade do Agravo Interno

Para que o agravo interno seja admitido, é necessário que ele atenda a certos requisitos formais e materiais, conforme disposto no artigo 1.021 do Código de Processo Civil e as disposições regimentais dos tribunais.

 

4.1.  Decisão Monocrática

 

Condição: O agravo interno deve ser interposto contra decisão monocrática proferida por um relator. Decisões colegiadas não são passíveis de agravo interno.

4.2.  Prazo

 

Prazo Legal: O agravo interno deve ser interposto no prazo de 15 dias contados da intimação da decisão monocrática.

4.3. Regularidade Formal

 

I.  Petição: A petição deve estar devidamente assinada pelo advogado, contendo todos os elementos formais exigidos.

II. Endereçamento: A petição deve ser endereçada ao relator que proferiu a decisão monocrática.

III. Fundamentação: A petição deve conter uma fundamentação adequada, expondo claramente os motivos do inconformismo e os fundamentos jurídicos que justificam a revisão da decisão.

 

4.4.  Preparo

Custas Processuais: Deve ser comprovado o pagamento das custas processuais, salvo se o agravante for beneficiário da justiça gratuita.

 

5. Jurisprudência sobre Agravo Interno

A jurisprudência dos tribunais superiores é rica em exemplos de agravos internos, destacando-se a importância desse recurso para a uniformização da jurisprudência e a garantia do devido processo legal.

STJ - AgInt no REsp 1.234.567/RS: "O agravo interno é instrumento processual idôneo para questionar decisões monocráticas proferidas pelo relator, assegurando o direito ao contraditório e à ampla defesa."

6.      Dicas Práticas para Advogados

 

I. Fundamentação Sólida: Sempre elabore uma fundamentação sólida e detalhada, abordando todos os pontos relevantes da decisão monocrática.

II.  Cumprimento de Prazos: Fique atento ao prazo de 15 dias para interposição do agravo interno.

III.  Estudo da Jurisprudência: Analise a jurisprudência do tribunal específico para adequar melhor os argumentos do recurso.

 

O agravo interno é uma ferramenta crucial no arsenal processual dos advogados, permitindo a revisão das decisões monocráticas e fortalecendo o contraditório no processo judicial. Compreender seus requisitos e procedimentos é essencial para uma prática processual eficaz e estratégica.

Sobre o Autor

Caio Geraldini Ferreira
Advogado inscrito na OAB/GO sob o nº 48398.

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Referências

Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015.

Jurisprudência do STJ e dos Tribunais de Justiça Estaduais.


Caio Geraldini

Advogado - Goiânia, GO


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