Como aplicar os princípios de Marcos Lemonis, “O Sócio”, nos escritórios de advocacia


20/11/2015 às 15h49
Por Carla Tupan

“O Sócio” faz parte do tipo de programa televisivo que gosto de assistir. Ele é transmitido pelo History Channel e comandado pelo bilionário Marcos Lemonis.

“Quando Marcus Lemonis não está administrando sua empresa multibilionária, a Camping World, ele vai em busca de empresas que estão desesperadas por dinheiro e no ponto para um acordo. Nos últimos 10 anos, reabilitou com sucesso mais de 100 empresas. Agora está trazendo esta habilidade para a série “O Sócio”, com uma proposta inédita. Em cada episódio, Lemonis faz às empresas uma oferta impossível de ser recusada: seu dinheiro em troca de uma parte do negócio e uma porcentagem dos lucros. Uma vez dentro da empresa, ele então faz de tudo para salvar o negócio e torná-lo lucrativo, mesmo que isso signifique demitir o presidente, promover a secretária ou fazer ele mesmo o trabalho. “

Em cada episódio, Lemonis, ao tentar reerguer as empresas, fala sobre os três pontos importantes para o sucesso de um negócio: “Pessoas, processos e produtos são meus três princípios”

Nesse artigo pretendo demonstrar como esses princípios podem ser aplicados ao seu escritório de advocacia.

Mas antes de entrar nesses 3 princípios, é preciso enxergar seu escritório como uma empresa. Tudo bem que o advogado ama a profissão, pelo menos é o que se espera de alguém que esteja atuando, mas se esse abriu um escritório com certeza almeja crescer profissionalmente, ter bons clientes e TER LUCRO! O escritório, portanto, deve ser visto como fonte de lucro e para isso precisa haver maior profissionalização e organização dos serviços prestados.

Vamos aos princípios!

Pessoas: Como em toda empresa, a mão de obra é essencial para o crescimento do negócio. Nesse sentido destaco duas questões importantes a serem analisadas pelos sócios de escritórios:

1. Critério de Seleção

O critério de seleção é muito importante e deve ser observado para todas as áreas do escritório. Desde a secretária aos advogados associados e demais funcionários contratados, todos serão a cara de seu escritório.

Ter um processo de recrutamento e seleção com critérios previamente estudados é algo que deve ser colocado em prática. Cada vaga tem sua particularidade e cada escritório também, por isso não existe receita pronta para isso.

Exemplo prático: Como contratar um advogado que vai atuar diretamente com processos eletrônicos sendo que esse não possui nem conhecimento mínimo de informática?

Vale a pena observar não só as informações acadêmicas e experiências profissionais que o candidato tem. Muitos recrutadores verificam até as redes sociais para investigar o tipo de personalidade do candidato.

Caso tenha dificuldade em elaborar um processo de recrutamento e seleção, existem empresas no mercado específicas para isso.

2. Investimento em pessoas

Quantas vezes já ouviu falar que colaboradores felizes produzem mais? Muitas vezes o escritório perde talentos por falta de motivação. Investir no funcionário é o mesmo de investir na empresa.

Já existem muitos escritórios grandes que entenderam essa premissa, mas infelizmente existem muitos outros que não entendem ou não aplicam isso. O fato também de não haver um teto mínimo de salário para advogados associados atrapalha muito.

Plano de carreira e/ou participação nos lucros, benefícios como plano de saúde, vale alimentação, incentivo e bolsa para especializações, são ótimas ideias para animar seus colaboradores.

Processo: Entendo esse princípio como procedimentos que devem ser aplicados para maior organização, profissionalização e rentabilidade do negócio. Em um escritório de advocacia, percebo a importância de organizar e dividir as funções internas para que isso ocorra.

Uma divisão mínima necessária seria em três departamentos, são eles: Departamento Técnico, Departamento Administrativo-financeiro e a Controladoria Jurídica.

No departamento técnico se concentra a atividade jurídica propriamente dita: atendimento ao cliente, elaboração de petições e pareceres, audiências, sustentações orais, dentre outras atividades que demandam conhecimento técnico, privativas do advogado. O departamento técnico pode se subdividir, por exemplo, em coordenadores jurídicos, advogados e estagiários.

O departamento administrativo-financeiro deve ser responsável pela administração das pessoas (recursos humanos), do patrimônio, do financeiro, dentre outras atividades administrativas e financeiras ligadas a gestão do escritório.

Por fim, a Controladoria Jurídica que é o setor do escritório que atua principalmente dando todo o suporte ao setor técnico, garantindo a efetividade, a qualidade, a segurança e a agilidade nos serviços jurídicos e realizando a análise de resultado da produção jurídica.

Creio que a Controladoria Jurídica seja um grande coringa na aplicação desse princípio previsto por Lemonis. Ela criará procedimentos internos padronizados que haja maior produção e organização do escritório. Inclusive já falei dela por aqui:

https://juridicocorrespondentes.com.br/adv/carla-tupan/artigos/a-controladoria-juridica-pode-ajudar-a-vencer-5-desafios-do-escritorio-ou-departamento-juridico-1810

Produto: É o que você tem para oferecer para o seu cliente: conhecimento jurídico, atendimento, etc. Para que seja prestado serviços de qualidade é preciso estar constantemente se aprimorando. Participar de workshops, palestras e cursos sobre os assuntos de atuação é sempre uma forma de reciclar e atualizar os conhecimentos. Não é bom estacionar apenas na pós-graduação.

Constantemente a OAB disponibiliza cursos até mesmo em parceria com a AASP e são transmitidos em várias seccionais pelo país.

Ainda dentro do produto vale lembrar que é importante dominar as áreas de atuação ou ter profissionais que o faça. Nesse sentido existe aquela máxima de que é melhor ser muito bom em uma coisa só do que ser ‘mais ou menos’ em várias. Isso é especialização, por isso existem hoje as Boutiques, que são escritórios especializados em uma área de atuação bem específica, por exemplo, atuação na área criminal para pessoas jurídicas.

Enfim, a aplicação desses princípios pode ajudar muito na administração de um escritório mas para funcionar de verdade os sócios devem entender que não são apenas advogados, mas também empreendedores.

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Carla Tupan

Advogado - Luís Eduardo Magalhães, BA


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