Due Diligence Imobiliária: Guia Prático em 5 Passos para uma Compra Segura


11/07/2025 às 17h43
Por João Marcus Advogado

A aquisição de um imóvel é, para muitos, a transação financeira mais importante da vida. Para empresas, representa um investimento estratégico de alto valor. Em ambos os cenários, os riscos são igualmente elevados. É nesse contexto que a Due Diligence Imobiliária se apresenta não como um custo, mas como o principal instrumento para garantir a segurança e a previsibilidade do negócio.

 

Realizar uma Due Diligence é conduzir uma investigação minuciosa e sistemática sobre todos os aspectos jurídicos, fiscais e urbanísticos que envolvem o imóvel e os vendedores. O objetivo é simples: identificar e mitigar riscos antes que eles se transformem em prejuízos.

 

Para o advogado, dominar este processo é agregar um valor inestimável ao seu serviço, indo além da elaboração do contrato e atuando como um verdadeiro gestor de riscos para seu cliente. A seguir, apresentamos um guia prático dividido em 5 passos essenciais.

 

Passo 1: Análise da Matrícula do Imóvel

A Matrícula, obtida no Cartório de Registro de Imóveis competente, é o documento mais importante. É a "certidão de nascimento" do imóvel. É fundamental solicitar a Certidão de Inteiro Teor atualizada. Nela, você deve verificar:

  • A Titularidade: Confirme se o vendedor é, de fato, o proprietário registral do imóvel.
  • A Cadeia Dominial: Analise o histórico de transmissões para identificar possíveis irregularidades em transações passadas.
  • A Existência de Ônus Reais: Procure por hipotecas, alienações fiduciárias, usufrutos ou servidões que possam limitar o uso e a disposição do bem.
  • Averbação de Gravames: Verifique a existência de penhoras, arrestos, sequestros ou indisponibilidades de bens que possam levar à perda do imóvel no futuro para quitar dívidas do vendedor.

 

Passo 2: Verificação Fiscal e Tributária do Imóvel

Dívidas de natureza propter rem (que "seguem a coisa") são de responsabilidade do adquirente, mesmo que geradas pelo proprietário anterior. É importante obter:

  • Certidão Negativa de Débitos (CND) de IPTU: Emitida pela prefeitura local.
  • Declaração de Quitação de Débitos Condominiais: Fornecida pela administradora do condomínio, assinada pelo síndico. Dívidas de condomínio são uma das principais causas de perda de imóveis.

 

Passo 3: Análise dos Vendedores (Pessoas Físicas e Jurídicas)

De nada adianta um imóvel "limpo" se os vendedores estão insolventes. Uma venda realizada por um devedor pode ser caracterizada como fraude contra credores ou fraude à execução, tornando o negócio nulo. Solicite:

  • Certidões dos Distribuidores Cíveis da Justiça Estadual e Federal.
  • Certidão da Justiça do Trabalho e Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas (CNDT).
  • Certidões de Protesto dos cartórios de protesto.

No caso de o vendedor ser pessoa jurídica, é essencial analisar também a CND de débitos federais e o contrato social da empresa.

 

Passo 4: Verificação de Questões Urbanísticas e Ambientais

A conformidade do imóvel com as leis de uso e ocupação do solo é essencial. Verifique:

  • "Habite-se": Licença que atesta que o imóvel foi construído segundo as normas e está pronto para ser habitado.
  • Zoneamento: Confirme se o uso pretendido para o imóvel (residencial, comercial) é permitido na região.
  • Licenças Ambientais: Para imóveis rurais ou comerciais/industriais, é fundamental verificar se não há passivos ambientais.

 

Passo 5: Elaboração do Relatório de Due Diligence

O passo final é consolidar toda a investigação em um relatório claro e objetivo. O relatório deve apresentar ao cliente todos os documentos analisados, os riscos identificados (classificados por nível de severidade: baixo, médio e alto) e as recomendações jurídicas.

É com base neste relatório que o cliente tomará sua decisão final de forma segura e informada.

 

Conclusão

A Due Diligence Imobiliária está dentro do que podemos chamar de "advocacia preventiva". Ela transforma a incerteza em segurança, protege o patrimônio e garante que o sonho da casa própria ou o grande investimento empresarial não se torne um pesadelo jurídico.

 

Para o advogado, é a oportunidade de demonstrar um diferencial técnico e um compromisso genuíno com a segurança de seu cliente.

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João Marcus Advogado

Advogado - Salvador, BA


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