Inicialmente, é interessante trazer o conceito de motivação, que seria um conjunto de fatores psicológicos, que conjugados entre si, podem estimular o indivíduo, determinando uma conduta apropriada a um fim específico. Também podemos defini-la como sendo o resultado da busca pela satisfação das necessidades e desejos naturais do ser humano.
Não há dúvida de que uma pessoa motivada é mais feliz, mais produtiva e, consequentemente, mais bem sucedida, seja na vida pessoal como na profissional.
É justamente por isso que esse tema a cada dia que passa tem ganhado maior destaque em muitas organizações, que, inclusive, passaram a investir em programas para motivação de seus empregados.
Essa questão é muito interessante, pois vivenciamos um período regido pela alta tecnologia, em que as empresas se modernizam assustadoramente, num processo de automatização e robotização no qual o ser humano tem passado a ocupar um papel de coadjuvante.
Por outro lado, não podemos deixar de lembrar que as empresas são feitas de pessoas, repletas de subjetividades e, especialmente, com sentimentos próprios. Assim, chega a ser lógico que o crescimento e o sucesso de qualquer empresa passam, necessariamente, pelo desenvolvimento dos seus empregados, individual e coletivamente.
Ocorre que não existe uma fórmula para se motivar alguém, e isso “tira o sono” de qualquer empreendedor, pois a motivação é intrínseca. Ou seja, o empregador, na verdade, não tem ferramentas para motivar os seus funcionários, podendo apenas se utilizar de técnicas e artifícios que os estimulam a se motivarem.
É justamente por isso que os líderes e gestores ocupam um papel fundamental dentro de uma organização, pois além das inúmeras responsabilidades que possuem, uma delas é vital para o destino da empresa: a tarefa contínua de estimular a motivação dos seus colaboradores, para que os mesmos, ao longo dos anos de trabalho, não fiquem desmotivados.
A dinamicidade do mundo contemporâneo quebrou paradigmas e hoje a visão da empresa deve ser a de processo, não a de hierarquia. Diante disso, é essencial que o líder compartilhe poder, pois assim o poder é multiplicado.
Frise-se que não é suficiente a simples delegação de tarefas, devendo o líder compartilhar autoridade, descentralizar poder.
Outrossim, deverá “colocar a mão na massa”, não apenas distribuindo ordens, mas realizando pessoalmente tarefas como uma forma de (i) passar conhecimento (mostrar como fazer) e (ii) fortalecer a equipe, pois demonstra que todos os integrantes, independentemente do grau de hierarquia, estão efetivamente trabalhando em prol de um objetivo comum.
Um líder motivador tem que fazer com que cada um de seus liderados se sinta parte de um mesmo projeto. Nessa trilha, o líder tem que ter ser empático e saber reconhecer as individualidades de seus seguidores, seja suas qualidades (que deverão ser potencializadas) ou mesmo seus defeitos (que deverão ser trabalhados para serem sanados).
A dosagem entre cobranças e recompensas/reconhecimento pelo líder também é muito importante, pois se conduzida de forma equivocada pode acarretar na desmotivação dos seus liderados. A postura do líder deverá ser diferente para cada um dos seus liderados, em respeito à isonomia (tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais), pois cada um deles terá um tipo de reação diferente.
O trabalho bem sucedido sempre deve ser reconhecido, seja com um simples “parabéns”, um aperto de mão, ou mesmo com uma promoção. A valorização do profissional, através de seus muitos enfoques, deve ser um processo contínuo, transparente e isonômico.
O líder, acima de tudo, tem que ser honesto, seja com a empresa, com os seus liderados e, principalmente, consigo próprio. A honestidade deverá se fazer presente no mínimo ato do líder, seja (i) no feedback com o seu liderado, (ii) ao confiar e delegar responsabilidades, (iii) ao definir metas e suas respectivas recompensas, (iv) aoenvolver seus liderados nas definições dos processos produtivos, (v) ao elaborar o planejamento da empresa e fixar os seus objetivos, etc.
Por fim, a humildade deve fazer parte de qualquer indivíduo, especialmente se ele ocupar um cargo de liderança dentro de uma organização. Isto porque é preciso ter conhecimento de que o homem pouco sabe sobre si e que a busca pelo autoconhecimento conduz, naturalmente, ao seu autodesenvolvimento, fundamental para que entenda suas motivações e, em sendo um líder, as de seus seguidores.
Perfeita é a passagem do livro O Monge e o Executivo, que, de forma brilhante, traz o conceito e a importância de ser um verdadeiro líder:
“A liderança começa com a vontade, que é nossa única capacidade como seres humanos para sintonizar nossas intenções com nossas ações e escolher nosso comportamento. É preciso ter vontade para escolhermos amar, isto é, sentir as reais necessidades, e não os desejos, daqueles que lideramos. Para atender a essas necessidades, precisamos nos dispor a servir e até mesmo a nos sacrificar. Quando servimos e nos sacrificamos pelos outros, exercemos autoridade ou influência [...]. E, quando exercemos autoridade sobre as pessoas, ganhamos o direito de ser chamados de líderes”.
Por esse trecho fica ainda mais clara a relação entre liderança, poder e motivação, o que evidencia a importância do líder no processo de estímulo motivacional dos seus liderados.
Pelo exposto, ficou demonstrada a necessidade dos empreendedores, para potencializar as suas chances de sucesso, de visualizarem que suas empresas são formadas por pessoas, sendo essencial o investimento no desenvolvimento humano, onde as individualidades e subjetividades de cada colaborador devem ser trabalhadas com o objetivo de motivar mudanças comportamentais que impactem diretamente na sua produtividade, bem como nas suas relações familiares e sociais.