Direito contemporâneo - A advocacia como área empresarial


09/10/2016 às 18h34
Por Rafael Barros Escobar

Com passar do tempo todo o mercado econômico social do nosso globo foi se transformando. Ainda precoce na idade média, podíamos ver os burgueses nascendo da mercancia nas cidades, e a moeda, bem rude, servindo como câmbio apenas os valores de troca do próprio produto.

Muito se mudou de lá para cá. A tecnologia expandiu de forma veemente, ajudou na comunicação e atrelou a esse mercado metodologias jamais vistas. O que antes se esperavam prazos e se faziam negócios com certa demora, hoje em segundos são administrados os problemas eventuais, as necessidades urgentes, e as demais providências nas prestações dos serviços.

Certos setores desse mercado, pela postura formal que precisam se portar, não acompanharam de muito as mudanças efetuadas no mercado, ainda. E o setor jurídico foi um deles. Apesar do aspecto formal com que o judiciário precisa se apresentar para a sociedade a fim de se alcançar a ideia pretendida, algumas ideologias, antes funcionais na área, são defasadas em um tempo que a população precisa de respostas rápidas e eficientes para a solução de seus problemas.

Por mais que se necessite da formalidade, não se pode tirar de vista que a soluções dos conflitos e o auxílio prestado pela consultoria jurídica englobam uma prestação de serviços como qualquer outra, sendo o advogado não só um membro indispensável a administração da justiça (artigo 133 da Constituição Federal de 1988), como também um empresário que precisa lidar com contas para pagar, com marketing do seu produto, divisões de tarefas no escritório, negociações com clientes, além de demais tarefas.

Esse pensamento atual, ainda em crescimento e com pouquíssimas adesões na classe, movimenta o rumo da advocacia para uma novo patamar de serviços. Ainda que o objetivo principal dos escritórios sejam os processos em massa, os profissionais que começam a entrar no mercado dividem uma visão diferente e mais envolvida com o setor econômico. Esses empreendedores jurídicos visam não mais apenas o lado contencioso do processo, mas principalmente se adequar ao cliente, lhe proporcionando um atendimento personalizado que possa evitar possíveis problemas, facilitando sua vida com menos burocracia, negociações mais confiáveis e conciliações eficientes.

Quando não só os profissionais do serviços jurídicos, mas toda a sociedade incluir essa visão de que o advogado também é um empresário, todos os serviços e relações sociais poderão fluir com menor burocracia e rigidez. Se antes tudo era resolvido posteriormente em procedimentos demorados no sistema processual, agora pode ser realizado mais limpo, de forma correta desde o seu princípio, sem prejuízos para nenhuma das partes.

No livro atualizado de Humberto Theodoro Júnior sobre o novo Processo Civil, é possível verificar essa concepção crescendo, onde o próprio autor começa a proteger uma ideia de simplificação do processo, e macro atenção para o direito material. Deixando de lado a postergação, muitas vezes maliciosa do julgamento do mérito, para uma advocacia mais limpa, com um acompanhamento mais de perto, desde o início dos conflitos entre as partes e potenciais problemas.

Seja no casamento e a administração dos bens, no compartilhamento da guarda dos filhos, na organização dos negócios empresarias, nos ajustes das áreas de desmatamento e posterior implantação de propriedades ou mesmo agriculturas, na tributação de impostos, nas relações trabalhistas, o acompanhamento de um advogado, visto não só como uma parte fundamental do processo, mas um prestador de serviços das relações sociais, ajudará de muito a fluir o mercado e a sociedade como um todo.

É a partir da evolução do homem como um animal social, com o seu desenvolvimento da inteligência, tanto racional como emocional, que faz assim nascer uma também evolução dos tipos de serviços. Ficará parar trás aquele setor jurídico rígido e burocrático de antigamente, para dar entrada ao novo jurídico, que acompanhará desde o início as melhores formas de se concluir boas ligações e relações entre as pessoas.

Desta forma, cabe ao profissional se adequar ao mercado, a evolução pessoal, como sempre foi e sempre será na história do mundo. As novas gerações estão chegando, com muito mais informações, com uma tecnologia impecável em mãos, e uma interligação social que não dá muito espaço para fingimentos e má qualidade. E que bom que seja assim. Resta a todos nós evoluirmos, encerrar o preconceito com as conciliações e arbitragens e aceitar que uma nova modalidade jurídica está se edificando. Para aqueles que ainda se fixam na concepção de apenas combates e longos processos, o espaço do mercado é sempre curto, e sabemos que ele não perdoa, só restará, num futuro próximo a estes profissionais reclamar e ser exposto numa galeria de antiguidades.

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Rafael Barros Escobar

Advogado - Itajaí, SC


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