A importância da boa Comunicação Corporativa


21/11/2018 às 15h05
Por João Francisco Schuvaizerski

1 INTRODUÇÃO

Uma relação de trabalho saudável não é feita apenas com respeito às leis trabalhistas, mas também por fatores subjetivos, a exemplo da comunicação, ao passo de que são pessoas e tudo está relacionado.

"(...) os meios de comunicação de massa incorporam-se às estratégias dos grandes grupos econômicos". [1]

A obediência às leis deve sempre existir, mas não se pode ignorar que em uma relação empregatícia seres-humanos são os atores e elementos imateriais precisam ser considerados, de modo que o processo como um todo funcione harmonizado.

2 DO OBJETIVO DA COMUNICAÇÃO

Geralmente somente as empresas de grande porte possuem uma estrutura definida de comunicação interna com seus empregados, porém, é sempre necessário ressaltar a importância da boa interação e transparência com as informações junto ao corpo de trabalhadores, independente do tamanho da empresa, além do que a informação é um direito fundamental resguardado pela Constituição Federal de 1988, art. 5º, inciso XIV:

“(...) é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.”

A vista disso, conheçamos os principais objetivos da comunicação organizacional:

a) Integração dos trabalhadores, clientes, fornecedores e comunidade com a empresa;

b) Diminuir o risco de paralisação;

c) Atualização constante das informações referente o ambiente de labuta;

d) Fomentar o diálogo.

Portanto, todos esses objetivos supracitados possuem o condão de agregar na gestão corporativa, seja qual for o tamanho da organização, pois do contrário, a empresa estará fadada a ter adversidades pela falta de competência em se comunicar com seus empregados.

3 DO EXERCÍCIO DE COMUNICAR

Uma comunicação efetiva e eficiente pode prevenir uma possível greve e desgastes na relação entre empregador e empregado, além de inúmeros prejuízos financeiros, operacionais e entre outros.

"A comunicação deve ser considerada uma via de mão dupla. Além do papel óbvio do emissor, o receptor merece nossa atenção e cuidado. Ao nos comunicarmos, nosso ouvinte envia sinais a respeito de sua interpretação da nossa mensagem. É importante que estejamos atentos a estes sinais, regulando o nosso padrão de fala de acordo com esse retorno". [2]

Avançando, para que se prevaleça a boa comunicação organizacional e, minimize o risco de descontentamento de trabalhadores por desacreditar na empresa em razão da ausência de informações, algumas ações deverão ser tomadas: [3]

I. Estabelecer canais de comunicação (jornais internos, murais, editais, cartazes, quadros de avisos, seminários, reuniões periódicas, etc.);

II. Deflagrar o hábito de passar informações com transparência;

III. Expor clareza e objetividade na transmissão das mensagens;

IV. Maneira de se vestir adequada (para comunicação presencial);

V. Evitar excesso de gesticulação (para comunicação presencial);

VI. Enviar a informação no momento em que o receptor esteja disposto a ouvi-lá;

VII. Saber ouvir;

VIII. Evitar vícios de linguagem;

IX. Não ser prolixo;

X. Controle emocional (para comunicação presencial e a distância).

"Sistematizar e construir a comunicação eficiente, usando os canais e a formação adequados, capazes de motivar e gerar iniciativas espontâneas são desafios que as empresas modernas têm na busca de competitividade".[4]

Todos esses aspectos podem contribuir para uma comunicação eficiente, além de ser um instrumento de gestão empresarial, tem ainda um papel preponderante na formação do clima organizacional e na construção da imagem de uma empresa.

4 DA COMPETÊNCIA PARA INFORMAR

A dificuldade de uma comunicação efetiva é tão grande, que muitas vezes detalhes podem comprometer a essência da mensagem, e minúcias estas que muitas vezes passam despercebidas:

"As barreiras mais comuns em situações de trabalho são hábitos deficientes de ouvir, as emoções, as motivações, os sentimentos pessoais. As barreiras pessoais podem limitar ou distorcer as comunicações com as outras pessoas. [...] Um trabalho que possa distrair, uma porta que se abre no decorrer da aula, a distância física entre as pessoas, canal saturado, paredes que se antepõem entre a fonte e o destino, ruídos estáticos na comunicação por telefone, etc. [...] As palavras ou outras formas de comunicação – como gestos, sinais, símbolos, etc, podem ter diferentes sentidos para as pessoas envolvidas no processo e podem distorcer seu significado. As diferenças de linguagem constituem fortes barreiras semânticas entre as pessoas".[5]

A alta gestão precisa atentar que comunicar é ir muito mais além que simplesmente passar informações, considerando que nos dias atuais os trabalhadores são pessoas com valores éticos, morais, além de possuírem certos conhecimentos legais. A informação dada, precisa estar em sintonia com o mundo e sempre necessário usar a criatividade e discernimento para transmitir algo.

"A comunicação dirigida aos trabalhadores hoje requer outros instrumentos além dos tradicionais, e indispensáveis, jornais internos, murais, quadros de avisos e seminários".[6]

Dentro das empresas existem diversos tipos de trabalhadores que podem ser: diretos, terceirizados, temporários, novos e antigos. Neste contexto é importante avaliar, como a comunicação será realizada, se segmentada ou uniforme, de maneira que o objetivo principal seja alcançado construindo assim uma relação de confiança e duradoura entre empregador e empregados.

"Pensando no público interno, o composto entre trabalhadores de carreira, terceirizados e contratados apresenta uma enorme dificuldade para se trabalhar uniformemente a comunicação, já que cada um desses segmentos tem um nível diferente de envolvimento na empresa. Atualmente, muitas organizações denominam esse composto de trabalhadores como “trabalhadores”, tentando agregar em um mesmo grupo as diferentes categorias. É necessário cautela com tal postura, visto que essa nomenclatura dissimula uma maneira de se institucionalizar o não envolvimento duradouro com os empregados".[7]

Também é necessário que o corpo de líderes de uma empresa tenha habilidades em comunicar, pois são eles o contato direto da massa de trabalhadores uma vez que passarão muitas informações e detalhes de algo costumeiramente importantes, assim, a maneira que cada gestor se expressa, pode determinar o bom andamento ou não do clima organizacional de uma corporação.

"O novo líder não é aquele que manda no time. É aquele que o forma, lidera, faz parte dele, motivando, envolvendo e mobilizando as pessoas. Seus liderados não são executores de ordens, são participantes – dos desafios, das soluções, das decisões, das ações e das conquistas. Ao contrário do modelo “militar”, este exige a verdadeira comunicação: a comunicação de mão dupla, aquela que flui nos dois sentidos da relação emissor-receptor".[8]

Destarte, a empresa comunicar com transparência e coerência fará que a temperatura organizacional seja boa, de maneira que empregados laborem serenos, e com a consciência de que naquela instituição valores éticos são respeitados e que o bem-estar mental de todos é valoroso.

5 DOS EIXOS DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

A comunicação organizacional é caracterizada por imprescindíveis eixos que podem dar um norte e melhor embasamento e eficácia na transmissão de determinada nota. Deste modo, vejamos:[9]

o Eixo 1: A comunicação é uma ação política inquestionável. Então, é necessário ter claro qual o público receptor, quais os meios de envio, em que tempo e quais os impactos.

o Eixo 2: Sintonia das informações com o ambiente envolvido. Atentar para questões comportamentais, econômicas, históricas, políticas, sociais, tecnológicas, etc. O comunicador atua normalmente em ambientes complexos, e precisa estar preparado no que tange a conhecimento e habilidades.

o Eixo 3: A comunicação é um processo que sustenta os relacionamentos da empresa, e consequentemente dão vida à organização, e assim devem ser vistas. Deve-se ter sempre em mente que não existem mais receptores passivos.

o Eixo 4: Qualquer empresa só terá uma boa comunicação se tiver transcendência, ou seja, compartilhamento de valores com todos que de alguma forma são atingidos por ela. Integração de todos é a palavra-chave para bons resultados.

o Eixo 5: A comunicação excelente conhece muito bem o seu público. Já sabe que o trabalhador muscular, operário-padrão, não existe mais. O que existe é o trabalhador do conhecimento, que quer ter o sentimento de pertencer. O proletário tem a necessidade de se integrar e participar dos projetos da empresa, não quer se sentir um receptor passivo voltado apenas aos interesses dos administradores.

Assim, os eixos e os critérios supracitados poderão facilitar e mostrar aos que estão dirigentes o caminho da boa comunicação organizacional, de maneira que o ambiente interno seja favorecido, e, por conseguinte, evite contratempos na relação empregatícia. Embora subjetivo este tema, necessário enfatizar que além do cumprimento das normas trabalhistas, sempre interessante atentar para questões imateriais, pois envolve pessoas dotadas de sentimentos, valores e princípios, e isto é relevante, não sendo razoável apartar uma coisa da outra.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, ficou evidente a importância de se estabelecer canais de comunicação entre superiores e trabalhadores, e muito mais do que isso, transmitir com transparência e coerência e compartilhando valores. Cada vez mais as pessoas estão incorporadas de conhecimentos técnicos e éticos agregado a princípios, e se pede que o emissor de uma mensagem mude a forma de se comunicar, pois o receptor mudou e evoluiu de alguns anos para cá.

Ainda, indispensável que os líderes de uma empresa, tenham discernimento e eficiência para desdobrar informações, sem essas competências, fica comprometida a agradável relação e o diálogo entre os mesmos.

Portanto, a boa comunicação dentro de uma organização poderá evitar contratempos futuros e mitigar situações que potencialmente poderiam ser pesadas.

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Referências

7 REFERÊNCIAS

[5] CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos. 4. Ed. Compacta. São Paulo: Atlas, 1997, p.105.

[4] DAMANTE, Nara. Boa comunicação interna é vantagem competitiva. Revista Comunicação Empresarial, ano 9, n. 32, p.25-28, 1999, p.22.

[3] DUBRIN (2001, p.205) apud GIL, Antônio Carlos. Gestão de pessoas: um enfoque nos papéis profissionais. São Paulo: Atlas, 2001, p.17.

[6] ESTRELLA, Charbelly. Por Dentro da Comunicação Interna: Tendências, reflexões e ferramentas 1º. Ed. Curitiba: Champagnat, 2009. 223p, p.43.

[7] Ibidem, p.44.

[8] Ibidem.

[2] KYRILLOS, Leny. A importância da liderança nos processos de comunicação interna. In NASSAR, Paulo (Org.) Comunicação Intern: A força das empresas. Vol.4. São Paulo, Aberje, 2008. P. 39-50, p.41.

[1] MELHADO, Reginaldo. Metamorfoses do Capital e do Trabalho: Relações de Poder, Reforma do Judiciário e Competência da Justiça Laboral. 1. Ed. São Paulo: Ltr, 2006. 304p, p.79.

[9] NASSAR, Paulo. Comunicação Interna: A força das empresas 1º. Ed. São Paulo: Aberje, 2008. 128p.

 

Joao Francisco Schuvaizerski

Bacharel em Administração de Empresas pela Faculdade Padre João Bagozzi e Advogado formado pela PUC-PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná.


João Francisco Schuvaizerski

Advogado - Curitiba, PR


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