A possibilidade de impeachment da presidente Dilma Roussef tem causado mobilização em alguns dos principais centros do país. Em verdade, a adoção de medidas impopulares e os últimos episódios relacionados ao escândalo de corrupção na Petrobras ocasionou grande impacto na popularidade da presidente.
É legítima a insatisfação popular e o direito de manifestação de quem quer que seja. O clamor por impeachment é igualmente consistente. No entanto, é necessário avaliar que um eventual impeachment não resolveria nenhum dos problemas com os quais teremos de confrontar em um futuro próximo. Vale salientar que nenhum dos candidatos que enfrentaram a presidente nas últimas eleições apresenta maior qualificação para administrar o país. As razões que tornaram o Partido dos Trabalhadores vencedor em quatro eleições presidenciais consecutivas permanecem inalterados. Por outro lado, o anseio por mudanças denota um aspecto positivo do sentimento que acomete os brasileiros.
Até o momento, as soluções propostas para os problemas existentes tendem a não solucionar nada. Um eventual impeachment da presidente serviria tão somente para condená-la como bode expiatório de um problema endêmico, em que são igualmente responsáveis empresários, governadores, deputados, senadores, prefeitos e vereadores. Para aplacar o sentimento de revolta, é oferecida a cabeça da presidente. Para dar continuidade “às mudanças”, é proposta uma reforma política que tampouco trará qualquer benefício.
A composição do nosso Congresso não é digna de orgulho, mas é produto fiel da maneira como o brasileiro vota. Em tempos de petrolão, contudo, os maiores beneficiados por um eventual impeachment seriam os políticos investigados na Operação Lava-Jato.