Panelaço: a quem interessa?


09/08/2015 às 00h58
Por João Victor Chaves

Graves equívocos na gestão pública federal têm gerado uma forte tendência de protestos. Não pretendo aqui fazer a defesa de quem quer que seja ou justificar a prática deste ou daquele crime. Pretendo trazer uma reflexão sobre as consequências do dito "panelaço".
Em primeiro lugar, ressalto que considero a manifestação, acima de tudo, legítima. A Constituição garante o exercício pacífico do direito de manifestação. Entretanto, as consequências não convergem para o que é melhor ao país. Entre aqueles que resolveram aderir aos protestos, estão pessoas inconformadas, que creem estar inibindo ou constrangendo praticantes de condutas ilegais no âmbito da Administração Pública Federal. No entanto, vivo em um Estado que é constantemente saqueado por um governo tucano, que a seu turno está muito satisfeito com o direcionamento dos protestos exclusivamente ao Partido dos Trabalhadores. Vejo criminosos na oposição tão ou mais corruptos que os governistas se beneficiarem abertamente dos panelaços e da revolta contra o PT. Sei que muitos dos manifestantes têm motivação meramente ideológica, utilizando a luta contra a corrupção como pretexto, o que não deixa de ser incoerente, pois o ministro da fazenda é pouco alinhado com a própria base petista.
O maior reflexo do panelaço não é a supressão de atividades ilegais no setor público, mas sim o encorajamento de uma oposição igualmente corrupta e que se beneficia das mesmas práticas de determinados membros do governo.

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João Victor Chaves

Bacharel em Direito - São Paulo, SP


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