35ª fase da Operação Lava-Jato prende Antonio Palocci


26/09/2016 às 14h18
Por André Arnaldo Pereira

A última semana de setembro teve início com a 35ª fase da Operação Lava-Jato, que prendeu, neste segunda-feira, o ex-ministro Antonio Palocci, em São Paulo.

Palocci foi chefe do ministério da Fazenda no governo Lula e da Casa Civil, no primeiro mandato de Dilma, sendo hoje suspeito de atuar diretamente como intermediário dos interesses da Odebrecht, cujo diretor-presidente, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho do ano passado. Ainda foram presos Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci, e Branislav Kontic, ex-assessor.

Lava-Jato: cada vez mais próxima ao chefe

A nova fase da Lava-Jato está sendo considerada uma das mais importantes de toda a operação, apurando, inclusive, supostos favorecimentos ao ex-presidente Lula, que já é réu em dois processos relacionados ao escândalo de corrupção na Petrobrás, através do Setor de Operações Estruturadas, o já considerado departamento de propina da Odebrecht.

O favorecimento de Lula teria sido intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, também já preso na operação e os investigadores do caso estimam que esta nova etapa irá superar o que já foi descoberto sobre o tríplex no Guarujá e sobre o sítio de Atibaia.

As indicações são de que as benesses a Lula envolvem um prédio que seria destinado ao ex-presidente, sendo que a Odebrecht teria chegado a comprar o terreno em benefício de Lula.

A operação atual foi batizada de Omertà, referindo-se ao pacto de silêncio dos mafiosos e recolheu evidências de que Palocci atuou deliberadamente para garantir que a Odebrecht mantivesse contratos com o poder público.

Em troca, segundo os investigadores, o ex-ministro e seu grupo recebiam propina. A atuação de Palocci foi monitorada, entre outras, na negociação de uma medida provisória que traria benefícios fiscais no aumento da linha de crédito junto ao BNDES, favorecendo a Odebrecht para fechar negócios na África, havendo ainda interferência na licitação para a compra de 21 navios-sonda exploratórios para a camada pré-sal.

Nas negociações para a sua delação premiada, o ex-marqueteiro João Santana estava disposto a dizer aos investigadores do Petrolão a participação de Palocci e de Guido Mantega na negociação do caixa 2 para a campanha eleitoral de Dilma em 2014. Palocci tornou-se um dos personagens principais da delação de João Santana. Além da conta que o ex-ministro detinha com empresas investigadas no Petrolão, Palocci foi delatado juntamente com o seu braço-direito, Juscelino Dourado, que era o distribuidor de parte do dinheiro do caixa 2.

Em 2015, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar a participação de Palocci no Petrolão. Em sua delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, Antonio Roberto Costa, afirmou que, em 2010, Alberto Youssef havia intermediado, em nome de Palocci, valor de 2 milhões de reais para a campanha de Dilma.

Os valores deveriam ser retirados da propina de 2% cobrada pelo PP – Partido Progressista em contratos com a Petrobrás. Em 2010, ano em que Palocci já não ocupava qualquer cargo no governo federal, recebeu uma solicitação, através de Youssef, para liberar 2 milhões de reais do caixa do PP para a campanha de Dilma.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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