A greve dos bancários está completando um mês, igualando-se ao período mais longo de paralisação, ocorrido em 2004.
A Contraf-CUT (Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) informou que existem 13.104 agências e 44 centros administrativos paralisados, um número que representa 55% do total de agências em todo o Brasil.
Os bancos afirmam não ter condições de atender às reivindicações dos bancários, uma vez que a situação econômica atual não permite, embora possa se observar que, na contramão da crise, as instituições financeiras continuam conseguindo lucros expressivos, quando comparados com outros segmentos.
O Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos mostrou que, no primeiro semestre de 2016, o lucro líquido dos cinco maiores bancos do país somou R$ 29,7 bilhões. Esses bancos são o Bradesco, o Itaú, o Santander, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
Essa informação reforça o discurso dos bancários de que existe espaço para o reajuste. Mas há também outras variáveis que devem ser observadas e que, certamente, são manifestadas pelos bancos como forma de afirmar não ter condições de atender os grevistas.
Um dos pontos constatados pelo Dieese e que tem a ver com a reinvindicação dos bancários é o encerramento de agências e a consequente redução de trabalhadores no setor financeiro. Entre junho de 2015 e junho de 2016, juntos, o Itaú, o Bradesco e o Banco do Brasil, fecharam 422 agências. Dos bancos, apenas Santander e Caixa Econômica abriram novas agências, embora em pequeno número, ou seja, 4 cada um.
Redução no número de bancários
O quadro de pessoal nos bancos nacionais também mantém o ritmo quando se trata de demissões. No período de 12 meses, o total de empregados nas 5 instituições citadas passou de 439.422 para 425.216, com a extinção de 13.606 postos de trabalho.
O Bradesco foi o banco que mais fechou postos de trabalho, eliminando 4.478 vagas, enquanto que o Itaú vem reduzindo seu quadro de funcionários desde 2011, tendo fechado 2.815 vagas desse essa data.
O Santander, que no ano de 2015 havia aumentado o número de trabalhadores, fechou 1.368 vagas, sendo 1.268 apenas entre os meses de março a junho de 2016 e a Caixa eliminou 2.235 postos, revertendo a tendência verificada desde 2004.
O Banco do Brasil, por seu turno, eliminou 2.710 postos de trabalho, sendo a redução foi decorrente da implementação, em 2015, de planos de aposentadoria incentivada.
Como se percebe, por um lado os bancos obtêm grandes margens de lucro e, por outro, terminam fechando agência, demitindo trabalhadores e prestando um serviço que deixa muito a desejar.
Os bancários, por sua vez, cruzam os braços, dizendo-se explorados e com baixa remuneração.
Enquanto isso, quem acaba sendo prejudicado é o cliente, que está na ponta dessa conflagração e que se torna vítima impotente, não podendo efetuar as transações necessárias, deixando de receber ou de pagar contas e, em muitos casos, sendo prejudicado por conta de investimentos mais altos, como financiamento para compra de casa própria ou liberação de recursos liberados pelos tribunais.