Brasileiro assassina filha nos Estados Unidos


12/08/2016 às 15h51
Por André Arnaldo Pereira

Um caso no mínimo estranho ganhou as páginas policiais dos jornais no último mês de julho: Walter da Silva, brasileiro, residente no estado de Connecticut, dez anos depois de haver tentado assassinar a própria esposa, ter cumprido pena, ter retornado ao Brasil e aqui permanecido durante muitos anos, retornou aos Estados Unidos e matou a tiros a própria filha.

A filha, Sabrina da Silva, tinha 19 anos e era estudante universitária em New Bedford. Segundo as informações obtidas pela polícia, Walter não via a filha desde que ela tinha 4 anos, mas conversava com ela através do aplicativo Skype.

A polícia conseguiu prender o assassino no último dia 5 em Bridgeport, em princípio por ter violado a condicional, recebendo depois a acusação de assassinato.

Os investigadores não informaram se Walter explicou os motivos que o levaram a matar a própria filha, e aqui, cabe bem a discussão sobre a violência contra a mulher, seja ela praticada aqui ou em qualquer outro lugar do mundo.

Por que agredir a mulher?

A violência contra a mulher ainda persiste, mesmo com o aumento de delegacias da mulher e com a legislação pertinente e uma coisa que psicólogos e especialistas ainda não chegaram a um acordo é sobre o perfil típico do agressor.

Segundo os especialistas, não existe um perfil típico, havendo homens para quem a violência é esporádica, podendo ser influenciado por fatores externos, enquanto que, por outro lado, há homens que desenvolveram ao longo da vida um padrão agressivo, onde ele pratica a agressão e não sente remorso por isso.

Infelizmente parece se tratar de algo cultural. Em alguns países, a agressão contra a mulher é considerada aceitável e até mesmo normal, como ocorre em diversos países muçulmanos, que ainda mantém um conceito medieval de que o marido tem o direito de bater na mulher.

No entanto, mesmo nos países que mantém legislação a favor da mulher, onde a agressão não é considerada aceitável, existe ainda uma espécie de código de violência de determinados homens, em que afirmam que agredir uma mulher é uma conduta aceitável e que não se trata de violência.

O que entendemos é que essa deturpada forma de tratar a mulher é, na maior parte das vezes, aprendida na infância. Diante de uma nova visão cultural, da evolução que passamos nos últimos anos, a violência contra a mulher é completamente inaceitável.

No entanto, persiste, como consequência de algo denominado “machismo”, uma cultura arraigada que ainda permanece na mentalidade de grande parte dos integrantes do sexo masculino.

Sede de poder? Vontade de dominar? Testosterona em alta carga?

O que falta, certamente, para que o homem deixe de ver a mulher como pessoa subserviente, que lhe deve obediência, é educação e, por esse caminho, a contribuição da mulher é o fator fundamental. Uma mulher que é agredida pelo cônjuge passa para o próprio filho essa subserviência, e esse filho, quando crescer, sentir-se-á no direito de também maltratar sua mulher.

Não podemos nos esquecer que uma agressão aqui, outra ali, seguida de outras, levam ao cúmulo, como ocorreu com Walter da Silva: um assassinato aparentemente sem motivo, só para satisfazer um desejo selvagem.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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