Segundo a Boa Vista Serviços S/A, responsável pela Serasa Experian, o número de cheques devolvidos pela segunda vez por falta de fundos chegou ao índice médio de 2,30% durante o ano de 2016, no acumulado de janeiro a novembro, registrando, desta forma, o pior resultado da série histórica, que teve início em 2006.
No acumulado do ano, os cheques devolvidos recuaram 9,1% em relação ao mesmo período o ano anterior e, tanto os cheques devolvidos de consumidores quanto de empresas reduziram no período, 10% e 6,9%, respectivamente. Os cheques movimentados normalmente tiveram redução de 13,8%.
O percentual dos cheques devolvidos sobre os movimentados reduziu em novembro deste ano, ficando em 2,40%, frente a um resultado de 2,46% em outubro. O indicador também foi menor na comparação com novembro de 2015, quando o registro bateu em 2,55%.
Na comparação mensal, os cheques devolvidos recuaram 7,1%, enquanto os cheques movimentados tiveram redução de 4,9%, fator que contribuiu para a queda do percentual no período analisado.
Com quase 2,30% (na realidade, 2,28%), o percentual de cheques devolvidos apresentou o pior resultado já registrado. Apesar de sombrios, os números mostram uma situação favorável, já que o percentual tem diminuído mês a mês, desde janeiro.
Análise dos cheques devolvidos por região
O menor índice acumulado no ano, até agosto, foi registrado em São Paulo, com 1,79%. Por região, a liderança cabe ao Nordeste, com 4,59%, enquanto o Sudeste deve 1,94% de devoluções.
A região Norte teve 3,99% em julho de 2015, aumentando para 4,16% em julho de 2016, aumentando em agosto para 4,19%. No Nordeste, a taxa ficou em 4,30%, também menor do que no mês anterior, quando chegou a 4,56%, mas superior ao índice alcançado em agosto de 2015 (4,16%).
No Sudeste, o índice de 1,79% foi menor do que em julho, com 1,86%, mas superior ao resultado do mesmo mês no ano anterior, de 1,68%. No Sul, foram devolvidos 1,84% do total compensado, volume inferior ao de julho último, com 1,91% e ao de agosto de 2015 (1,94%).
Segundo a Serasa Experian, os resultados evidenciam que o comportamento do brasileiro está mudando, na tentativa de sair da situação de inadimplência, reduzindo o nível de consumo e passando a renegociar suas dívidas.
Prioridades do consumidor brasileiro
Em novembro, a GoOn, uma consultoria de gestão de riscos de créditos, e a Malta Cobrança, empresa especializada em recuperação de crédito, fizeram um levantamento, onde se constatou que 52,4% dos brasileiros priorizam as contas de luz, água e aluguel, categorizando-as como as de primeiro nível de segurança.
A pesquisa tomou como base a seguinte questão: quais contas você prioriza em primeiro lugar. As respostas, para que os consumidores pudessem responder com mais facilidade, foram segmentadas em cartão, cheque especial, carnê, TV a cabo, luz, água, educação, aluguel, financiamento de imóvel, veículo.
Segundo a pesquisa, o consumidor brasileiro está usando o seu dinheiro de forma mais inteligente ao longo do ano, evitando fazer compras a prazo e procurando melhorar sua situação de inadimplência, mesmo que isso faça com que tenha um menor nível de padrão de vida.
A queda de cheques devolvidos ao longo do ano, embora tenha superado a média histórica, é uma mostra dessa tendência: é melhor gastar menos, economizar e manter uma situação mais modesta, do que investir o que não se tem e tornar-se inadimplente.
Hoje, pagar à vista é uma das formas encontradas para o consumo de bens essenciais, sendo também uma maneira de conseguir maior desconto no momento da compra.
Enquanto se educa melhor para o consumo, o brasileiro mostra que consegue se adaptar às situações, por piores que elas se apresentem. Se esse aprendizado servir quando a economia retomar o crescimento, veremos grandes diferenças nas relações entre o comércio e o cliente.