Na últim sexta-feira, dia 19 de maio, o Supremo Tribunal Federal autorizou a liberação do material contido nas delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, proprietários da empresa JBS, em decorrência das investigações da Operação Lava Jato. O relator da Lava Jato, o ministro Luiz Edson Fachin, foi o responsável pela liberação do conteúdo. Entre todos os arquivos anunciados consta a solicitação da Procuradoria-Geral da República para efetuar uma investigação a respeito do atual presidente da república, Michel Temer.
No requerimento, o procurador Rodrigo Janot, declara que existiu concordância de Temer sobre o pagamento de uma propina a cada mês para o ex-deputado Eduardo Cunha, do PMDB do Rio de Janeiro, por intermédio de Joesley Batista. Janot também afirma que o pagamento da propina a Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro, mesmo após as suas prisões, contava com o objetivo primordial de assegurar o silêncio ou até mesmo provocar uma combinação no momento de apresentar os relatos sobre atos irregulares.
Delações geram movimentação intensa na política nacional
Desde a última quarta, 17 de maio, quando o jornal "O Globo" divulgou pela primeira vez o que os irmãos Batista haviam repassado aos investigadores, a situação política brasileira passa por uma série de turbulências.
De acordo com uma reportagem do portal G1, Fachin encarou que todas as gravações realizadas pelo empresário Joesley contam com valor legal, mesmo que tenham sido feitas sem o devido conhecimento de Aécio Neves, Temer e do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-RS), seguindo uma vertente consolidada em outras circunstancias analisadas pelo STF.
Temer confirma encontro com Joesley, mas nega participação em ato ilícito
Logo depois do jornal publicar o material, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência emitiu um comunicado oficial no qual Temer admite o encontro com o empresário Joesley Batista, mas nega que os dois tenham falado qualquer coisa a respeito da delação de Cunha ou da necessidade de encontrar meios para impedi-la.
Em virtude de tudo o que foi levantado pelos delatores para a Operação Laja Jato, o ministro Luiz Edson Fachin autorizou a solicitação da Procuradoria Geral da República para a abertura de um inquérito para investigar o presidente da república. Conforme o jornal Estadão, parlamentares opositores já apresentaram oito solicitações de impeachment de Temer até o momento. O veículo de comunicação também citou que membros da base aliada já acreditam que a melhor alternativa é o pedido de renúncia imediato de Michel Temer.
Em discurso em rede nacional, Temer foi enfático ao dizer que não pretende renunciar a presidência. "No Supremo, mostrarei que não tenho nenhum envolvimento com esses fatos. Não renunciarei. Repito: não renunciarei. Sei o que fiz e sei a correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dubiedade e de dúvida não pode persistir por muito tempo", declarou Temer.
Senador Aécio Neves é afastado, mas pedido de prisão é negado
Conforme o jornal O Globo, Batista também repassou ao Ministério Público uma gravação na qual o senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, exige cerca de R$ 2 milhões para quitar os custos dos os advogados que efetuavam a sua defesa nos processos da Lava Jato.
De acordo com tudo o que foi relatado, o ministro Fachin exigiu o afastamento imediato de Aécio de suas funções de senador da república. No entanto, a solicitação de prisão do Ministério Público Federal foi negada pelo ministro do STF, que informou que não encaminhará o processo a plenário.
Fachin declarou que apenas tomará uma determinação a respeito disto, caso aconteça uma reivindicação da Procuradoria Geral da República. Apesar disto, a irmã, Andrea Neves, e um primo do tucano foram presos pela Polícia Federal em função da suspeita de participação nas situações relatadas pelos delatores e proprietários da JBS.