Crise de segurança no Espírito Santo


07/02/2017 às 14h56
Por André Arnaldo Pereira

No último final de semana o Brasil acompanhou de forma estarrecida uma onda de criminalidade e vandalismo no Estado do Espírito Santo, resultado de um protesto dos familiares de policiais militares que ocuparam as portas dos batalhões e companhias, impedindo a saída dos PMs para o trabalho nas ruas.

O policiamento foi prejudicado em diversas cidades capixabas, principalmente na Grande Vitória, onde pelo menos 62 assassinatos foram constatados entre sábado e segunda-feira, além de saques a lojas, depredação de locais públicos, queima de ônibus, roubos de veículos e arrastões.

As cidades da Grande Vitória tiveram suas ruas esvaziadas pela população e, na segunda-feira, o comércio permaneceu fechado e o governo do Estado e Prefeitura viram-se obrigados a suspender aulas nas escolas e atendimento em postos de saúde e órgãos públicos.

Para completar o cenário dantesco, as ocorrências policiais deixaram de ser atendidas, priorizando apenas as mais graves, embora nada tenha sido feito em razão da falta de pessoal disponível.

As razões apresentadas pelos militares

O secretário de Segurança Pública, André Garcia, criticou o fato de os familiares impedirem a saída dos policiais para o trabalho, dizendo ter faltado pensamento coletivo na oportunidade.

Para o secretário, os familiares precisam pensar no “interesse de toda a sociedade”. Dizendo compreender o problema e que as conversas com os militares devem continuar, ele pediu a compreensão sobre a necessidade de haver a prestação de um serviço essencial para a sociedade.

A categoria é proibida de participar de greves e manifestações públicas, o que levou os familiares a tomarem essa posição. Os policiais militares do Espírito Santo não recebem qualquer reajuste salarial há 7 anos, situação que provoca uma séria defasagem nos rendimentos, prejudicando principalmente suas famílias.

O secretário alega que reconhece a defasagem salarial, mas que é preciso negociar mantendo os serviços em andamento. Para os familiares, no entanto, a conversa vem se prolongado há mais tempo do que é possível esperar e essa atitude radical deve servir para mostrar a importância dos policiais militares para a manutenção da ordem pública.

Os protestos dos familiares ocorreram em toda a Região Metropolitana de Vitória, em Guarapari, Linhares, Aracruz, Colatina e Piúma.

Informações da Associação de Cabos e Soldados deram conta que os protestos ocorreram em frente à cavalaria, ao BME, ao batalhão de trânsito e ao Quartel General da PM.

Além do reajuste salarial, os familiares estão pedindo o pagamento de auxílio alimentação, de insalubridade, de periculosidade e adicional noturno, além de haver também a denúncia sobre o sucateamento da frota e a falta de perspectiva de carreira.

Ministro da Defesa no Espírito Santo

Diante da situação crítica, o governador em exercício César Colnago pediu ajuda federa e o ministro da Defesa, Raul Jungmann, por ordem de Michel Temer, ordenou a remessa de militares das Forças Armadas, além de homens da Força Nacional, para fazer a segurança nas ruas das cidades onde os PMs paralisaram as atividades.

Pelo menos 1200 homens devem participar da operação até que a ordem seja restaurada no Estado.

Crise de segurança repercute internacionalmente

A crise de segurança no Espírito Santo ganhou repercussão internacional. O site Political Outsource, especializado em conteúdo policial, postou várias notícias relatando a situação caótica apresentada nas cidades capixabas.

Um dos mais importantes jornais britânicos, o tabloide Daily Mail, destacou em sua versão online a situação alarmante do Estado, mostrando bandidos que atiravam aleatoriamente nos pedestres, saques, estupros e assassinatos explodindo nas ruas.

O tabloide comparou a situação alarmente do Espírito Santo às cenas de ficção, comparando o caos apresentado no Estado ao filme de suspense de 2014, “The Purge”, onde uma noite sem lei leva o terror às cidades.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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