As eleições deste ano, que deveriam ficar marcadas pelas novas regras, ficarão na história como a mais violenta da história recente, com pelo menos 20 candidatos a prefeito e vereador assassinados em todo o Brasil.
Esse número não considera dos pré-candidatos que não chegaram a registrar sua candidatura.
Os assassinatos de candidatos ocorreram em todas as regiões brasileiras, sendo que a maioria através de disparos de armas de fogo, seguidos por armas brancas e, inclusive, por chave de fenda. Dos políticos mortos nessas eleições, muitos não possuíam mandato em cargos eletivos e buscavam a primeira vitória.
Para os investigadores, as motivações envolvem rixas pessoais, vinganças, narcotráfico e milícia.
Levantamento aponta 96 assassinatos
Um levantamento feito pelo jornal “O Estado de São Paulo” aponta que, entre janeiro e setembro, pelo menos 96 pessoas, entre prefeitos, secretários municipais, candidatos e militantes forram mortos por motivação política.
Os dados tomaram como base os registros policiais, documentos de fóruns, denúncias do Ministério Público e processos nos Tribunais de Justiça.
A maior quantidade de crimes políticos envolvendo pré-candidatos e candidatos a vereador e cabos eleitorais aconteceu no Estado do Rio de Janeiro, que contou com 13 assassinatos neste ano, fazendo com que 2016 se tornasse o ano mais sangrento na política, desde a Lei de Anistia, em 1979.
O levantamento não chegou a incluir as três mortes ocorridas na quarta-feira, 22 de setembro, na cidade de Itumbiara, em Goiás. Nessa cidade, a polícia ainda investiga os motivos que levaram o funcionário público Gilberto Ferreira do Amaral a matar o candidato a prefeito José Gomes da Rocha e ferir o governador em exercício, José Eliton, durante uma carreata. Além do prefeito o policial Vanilson João Pereira e o próprio atirador, também morreram depois do tiroteio.
Principais motivos da violência na política
Estre os motivos apurados para o assassinato de políticos está o controle do dinheiro dos municípios. Na Região Norte, por exemplo, foram mortos políticos do Amapá, de Tocantins e do Pará.
Maraã, cidade a 630 km de Manaus, viveu dias de guerra civil em fevereiro, quando o prefeito foi alvejado com um tiro de espingarda nas costas, numa emboscada. O vice-prefeito assumiu o poder e a família do prefeito o acusa pelo assassinato.
No entanto, a Polícia Civil indiciou quatro comerciantes que tinham dívida a receber da prefeitura e, dentre eles, dois admitiram o crime.
A lista de políticos mortos também inclui o candidato a vereador e presidente da tradicional escola de samba Portela, no Rio de Janeiro. Marcos Vieira de Souza, conhecido como Falcon, foi assassinado a tiros em 26 de setembro por dois homens que invadiram o seu comitê de campanha. O Estado do Rio superou, neste ano, a série de mortes de políticos ocorrida nas disputas de quatro anos atrás, quando 11 pessoas morreram.
Crimes políticos também ocorrem em cidades pacatas do interior, como em Luiziana, no Paraná, onde o secretário municipal da Fazenda, Lindolfo Angelo Cardoso foi morto dentro de casa e diante de um filho.
A violência na política só vem comprovar a necessidade de uma grande reforma que impeça o uso indiscriminado do poder, principal fator para a endêmica onda de corrupção que invade o país.