Juízes ministros: por que não através de concursos?


30/09/2016 às 17h20
Por André Arnaldo Pereira

A Constituição Federal estabelece que os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Contas da União sejam indicados pelo presidente da República, com mandato vitalício.

Desde o início do ano, uma PEC está tramitando no Congresso com vistas a alterar essa regra, fazendo com que os juízes sejam selecionados através de concurso público de provas e títulos e nomeados para mandatos de cinco anos.

De acordo com a proposta, o STF, que é composto por 11 ministros, só poderia ter candidatos entre 35 e 75 anos, passando por provas onde demonstrem notável saber jurídico e reputação ilibada. De acordo com o senador Reguffe (PDT-DF), autor da proposta, o Judiciário, atualmente, sofre com o tráfico de influências, havendo muitos interesses políticos, que interferem nas decisões.

Embora existam juízes e ministros independentes, o modelo de seleção atual, segundo Reguffe, leva, em determinadas situações – como se pôde observar durante o ano na Operação Lava-Jato – juízes indicados a julgar as ações de quem o indicou, ou seja, uma seleção que pode se transformar em escudo para determinados políticos.

Um caso, inclusive, chegou a vir a público, quando o ex-presidente Lula se manifestou contra o procurador Rodrigo Janot foi citado, dizendo que o mesmo deveria agradecê-lo por estar no cargo.

Mais seriedade na Justiça brasileira

Os concursos, de acordo com a proposta, também atingiriam a escolha dos Conselheiros do Tribunal de Contas de Estados e Municípios, também selecionando para mandatos de cinco anos.

O mandado de cinco anos permitiria que mais pessoas tivessem a oportunidade de chegar aos tribunais superiores, uma situação que se apresenta de forma positiva, já que a vitaliciedade no cargo não é boa e a alternância seria importante para oxigenar o sistema judiciário.

Outra proposta no mesmo sentido partiu do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que vem pedindo ao Senado rapidez no exame, com a aprovação da PEC que institui também concurso público de provas e títulos para os cargos de ministro do Tribunal de Contas da União.

No TCU existem nove ministros, sendo seis indicados pelo Congresso Nacional e três pela presidência da República. Com a proposta, o senador defende o fim das indicações políticas, entendendo que a politização do tribunal atende aos poderosos de plantão, enquanto prejudica os interesses do país.

Para Álvaro Dias, é necessário dar prioridade à formação técnica e profissional do TCU, um órgão essencial à fiscalização do uso de dinheiro público e não existe método mais adequado para aferir competência e qualificação técnica do que concursos públicos.

Os órgãos do Judiciário devem ser extremamente qualificados para cumprir com sua missão, atendendo o que é importante para a Nação, e não para atender a interesses de governantes, como ocorreu no caso vazado à imprensa sobre o ex-presidente Lula e Janot.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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