Há poucos dias, uma situação chocante de tortura em São Paulo, na região Metropolitana de São Paulo, viralizou nas redes sociais e ganhou a cobertura da imprensa a nível nacional. Dois homens fizeram uma tatuagem à força na testa de um adolescente de 17 anos devido a uma acusação de furto de uma bicicleta.
Logo após a ocorrência, o jovem desapareceu e ficou mais de 32 horas sem dar nenhuma notícia a sua família. Em entrevista para veículo de comunicação, a família afirmou que a fuga ocorreu em função ao constrangimento pela marca “eu sou ladrão e vacilão” gravada na testa contra a sua vontade.
Toda a ação foi gravada por dois homens que xingavam e riam do adolescente, que sofre com dependência química. O vídeo foi divulgado nas redes sociais e compartilhado amplamente por pessoas de todo o Brasil.
Pedreiro que filmou tortura já cumpriu 05 anos por roubo
O pedreiro Ronildo Moreira de Araújo, 29 anos, que gravou o tatuador Maycon Reis marcando a testa do jovem de 17 anos, já foi condenado a 05 anos e 4 meses de prisão por roubo.
Em 2008, Ronildo e um comparsa foram detidos em flagrante depois de roubar a bolsa de uma mulher mediante grave ameaça, roubando todos os cartões, o celular e pertences pessoais de valor. O pedreiro cumpriu a pena no regime semi-aberto.
Dupla de “justiceiros” tem prisão preventiva declarada
De acordo com a Polícia Civil, a ideia de marcar a testa do adolescente surgiu em função da indignação da dupla ao flagrar o garoto tentando furtar uma bicicleta de um deficiente físico.
Em entrevista ao portal de notícias da Globo, G1, o rapaz afirmou que não estava furtando, mas acabou esbarrando na bicicleta por estar sob feito de bebida alcoólica.
Desde o dia 10 de junho, a prisão preventiva de Ronildo Moreira de Araújo e Maycon Reis foi decretada pela juíza Inês Del Cid, da Vara Criminal de São Bernardo do Campo.
O crime teria sido realizado na pensão onde os dois homens estão morando há alguns meses. Em depoimento à polícia, eles confessaram a autoria da tatuagem contra a vontade do garoto de 17 anos, da gravação e também do compartilhamento nas plataformas sociais.
Dono da bicicleta rechaça punição ao adolescente
O ambulante Ademilson de Oliveira, de 31 anos, dono da bicicleta que teria dado origem a toda a prática criminosa na cidade, rechaçou completamente a iniciativa do tatuador e do pedreiro.
Em entrevista, Ademilson declarou que não conseguiu dormir nas últimas noites por causa do episódio, chorou e está abalado por toda a repercussão. Além disso, ele é deficiente físico e utiliza a bicicleta para realizar pequenas vendas no dia a dia para o seu sustento.
Adolescente passa por tratamento para apagar tatuagem
Em função da grande repercussão, diversas clínicas e até mesmo uma vaquinha virtual foram ofertadas para cobrir os custos com o tratamento psicológico e estético do rapaz, a fim de apagar as marcas em sua testa.
A Prefeitura de São Bernardo do Campo disponibilizou acompanhamento psicológico e social para o adolescente, que já foi internado em uma clínica para dar início ao processo de retirada da tatuagem e recuperação do vício em álcool e drogas.