Legado das Olimpíadas para o Brasil


15/08/2016 às 11h40
Por André Arnaldo Pereira

Em todo evento esportivo de grande porte, quando são feitos investimentos milionários, como aconteceu com as Olimpíadas no Rio de Janeiro, uma das principais questões é sobre o legado que ficará para o país sede.

Entre alguns pontos positivos das Olimpíadas, um dos principais benefícios já está garantido, como maior investimento no esporte olímpico, o que leva aos atletas maior quantidade de bolsas de treinamento.

O Brasil também reformou o Ladetec (Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Universidade Federal do Rio), que hoje possui novos equipamentos e está credenciado para controle antidoping dos atletas nacionais e internacionais.

O transporte urbano do Rio é outro legado interessante, embora nem tudo tenha ficado pronto, e os hotéis tiveram praticamente dobrado o número de leitos, o que favorece o turismo da cidade, enquanto que o porto foi revitalizado e a Zona Oeste do Rio totalmente integrada.

O que ficou na promessa no legado das Olimpíadas?

Alguns outros pontos, no entanto, deverão ser relegados a segundo plano ou simplesmente esquecidos depois das Olimpíadas. O Parque Olímpico, com suas arenas, por exemplo, poderá se transformar num "elefante branco" caso não haja uma definição para seu uso após os jogos.

Por seu lado, uma das maiores promessas não foi completada: a nova linha de metrô, ligando a Zona Sul e a Barra da Tijuca, uma obra que começou em 2010 e está ainda na promessa 6 anos depois.

A reforma do Aeroporto Internacional do Galeão também não foi concluída, mesmo com a administração nas mãos da iniciativa privada, com gastos de 2 bilhões de reais. O importante, nesse caso, é que a empresa administradora deverá continuar com a reforma mesmo depois dos jogos.

A despoluição da Baia de Guanabara é algo que só vai ficar na promessa. Quando se candidatou aos jogos, o Rio de Janeiro prometeu tratar pelo menos 80% do esgoto que chega à baía, um dos legados que se esperava como mais importante para a cidade, mas a meta foi abandonada definitivamente, embora esteja nos planos do governo estadual e dos municípios no entorno uma estimativa para que a baia esteja livre dos esgotos em 2035.

Da mesma forma, a recuperação ambiental das Lagoas de Jacarepaguá ficaram apenas como promessa, estando incluída num projeto milionário apresentado pelo governo do estado do Rio, que nunca saiu do papel.

Pelo menos a Floresta dos Atletas deverá ficar como algo concreto, já que a missão das Olimpíadas é a sustentabilidade. As sementes plantadas pelos atletas na abertura dos Jogos Olímpicos deverá gerar essa floresta com o objetivo de compensar emissões de gases causadores do efeito estufa ligadas aos Jogos Olímpicos, o que, certamente, fará parte da história dos jogos.

Um dos principais legados das Olimpíadas, no entanto, não será para o Rio de Janeiro e sim para a história dos próprios jogos, que estão se tornando cada vez mais inviáveis de serem realizados em apenas uma cidade, devido aos custos exagerados para sua concretização.

Para as próximas e próximas Olimpíadas, a previsão é que suas realizações sejam compartilhadas por mais de um país ou com o aproveitamento de locais já construídos.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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