O ex-presidente Lula é alvo de mais um inquérito, tendo sido indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva em investigações que buscam apurar supostas irregularidades num financiamento de R$ 20 milhões do BNDES para um empreendimento em Angola, feito pela Odebrecht.
Outros sete personagens também estão sendo investigados, estando entre eles Marcelo Odebrecht e o sobrinho da primeira mulher do ex-presidente, Taiguara Rodrigues dos Santos, dono da empresa Exergia Brasil.
Lula é acusado de favorecer a Odebrecht na obtenção do financiamento junto ao BNDES que, em troca da suposta ajuda, teria contratado a Exergia, de Taiguara. O relatório sigiloso foi encaminhado na última terça-feira ao Ministério Público Federal.
A PF não explica como Lula influenciou a liberação de recursos para a empreiteira, mas sugere-se que a Odebrecht só teria contratado a empresa de Taiguara por saber das relações que este mantinha com Lula a quem, de acordo com o relatório, ele se referia como “tio”.
De acordo com as investigações, a empresa do sobrinho de Lula não tem condições técnicas e operacionais para prestar os serviços descritos no contrato, havendo mesmo um relatório criticando o abandono da obra pela Exergia.
As suspeitas são de que a empresa tenha sido criada apenas para receber dinheiro da Odebrecht, já que não existem informações de negócios da Exergia com qualquer outro projeto ou empresa dentro ou fora do Brasil.
Advogados de Lula reclamam de vazamento
O inquérito já possui muitos documentos comprobatórios, havendo mesmo um caderno de anotações de Taiguara onde, em um dos trechos, ele registra uma suposta reunião de 50 minutos com Lula em Brasília. Nesse encontro, ele teria recebido carta branca para os negócios com a Odebrecht.
A polícia também sustenta as acusações de troca de mensagens entre Valmir Moraes, um dos seguranças que acompanha Lula mesmo depois de ter deixado a presidência da República, onde, numa das mensagens, Taiguara diz que precisa de uma reunião com o tio.
A PF também aponta a presença de Taiguara pelo menos por duas vezes no Instituto Lula, em São Paulo, e num hotel 5 estrelas em Angola, onde o ex-presidente costumava se hospedar. De acordo com as investigações, nas três oportunidades Taiguara teve contato com Lula.
O relatório já tem mais de 200 páginas. Três procuradores da República irão analisar as informações e, a partir daí, decidir se apresentam ou não denúncia contra os investigados.
Os advogados de Lula reclamam do vazamento do relatório sigiloso, que foi enviado à Procuradoria da República em Brasília. Segundo suas alegações, o documento foi repassado para a imprensa, mas negado a eles, que são os responsáveis pela defesa do ex-presidente.
Segundo suas afirmações, “na condição de advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, repudiamos mais uma vez a ocorrência, na data de hoje (5 de outubro) de vazamento de informações relativas às investigações e a processos à imprensa, em detrimento da defesa regularmente constituída”.
Para os advogados, esta não é a primeira vez que é feito alarde sobre investigações contra o ex-presidente Lula, a quem não está sendo permitido o legítimo direito de defesa.