O vídeo do menino sírio é falso?


25/08/2016 às 10h58
Por André Arnaldo Pereira

Na penúltima semana de agosto, quase um ano após a comoção causada pela foto de um menino de três anos morto afogado na tentativa de fuga da Síria, nova imagem volta a chamar a atenção para o conflito naquele país.

O vídeo mostra Omran, de cinco anos, sendo retirado dos destroços de um edifício, ainda desorientado e ferido, recebendo auxílio médio em Aleppo, depois de bombardeiros realizados pelas forças aliadas de Bashar al-Assad.

O ataque matou oito pessoas, entre eles cinco crianças, de acordo com o serviço médico. Na ocasião, em virtude de falta de segurança, o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, informou a suspensão do programa de ajuda humanitária na região.

Diante dos incessantes ataques em Aleppo, tornou-se impossível a chegada de qualquer comboio de ajuda. A situação deverá ser debatida em Genebra nesta semana, principalmente com o pedido de trégua humanitária.

Irmão mais velho morre

O irmão mais velho de Omran, Ali Daqneesh, de 10 anos, morreu ainda em Aleppo, com os ferimentos sofridos no ataque, de acordo com informações das autoridades. O menino havia sofrido hemorragia interna e danos em alguns órgãos, não resistindo aos ferimentos.

Omran, que havia sido filmado e teve suas imagens divulgadas pelo mundo todo, também foi referência nas redes sociais, tendo o vídeo sido compartilhado milhões de vezes e estampado manchetes no mundo todo.

O menino, no vídeo, aparece limpando o rosto ainda ensanguentado com a mão. Ao olhar o sangue, parece ainda mais desorientado, não acreditando no que está vendo, e termina por limpar a mão de sangue no assento.

Rede chinesa diz ser falso o vídeo

No final de semana, a rede estatal de televisão chinesa questionou a autenticidade das imagens de Omran, informando que o vídeo pode ser parte da propaganda de guerra ocidental.

Para a China, que apoia o governo sírio de Bashar al-Assad, num programa transmitido no final de semana, o vídeo não passa de propaganda, havendo a suspeita de que seja falso.

O apresentador informou que os especialistas sugeriram que o vídeo é parte da propaganda de guerra para criar as denominadas “desculpas humanitárias” para que outros países do ocidente também se envolvam na guerra. A rede estatal chinesa afirmou, no programa, que os trabalhadores médicos não fizeram qualquer esforço para um atendimento mais rápido, indo primeiro pegar a câmera para fazer o vídeo.

A Rússia é a responsável direta pelos ataques a Aleppo e, após a divulgação das imagens, negou que fossem os seus aviões a lançar o ataque, dizendo que o bombardeio foi cometido pelos próprios rebeldes para desacreditar os esforços feitos pela Rússia em favor do estabelecimento de um corredor humanitário.

Para o Departamento de Estado norte-americano, a divulgação das imagens do menino representa o que chamou de verdadeiro rosto da guerra na Síria, que já tem contabilizado mais de 290 mil mortos.

O conflito na Síria é, atualmente, uma mini guerra mundial, onde há o confronto de forças locais, regionais e internacionais, tendo se tornado tão complexo que mesmo líderes mundiais e jornalistas são incapazes de descrever a situação.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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