Operação Acrônimo da PF entra na 9ª fase


23/09/2016 às 17h27
Por André Arnaldo Pereira

A Polícia Federal entrou na 9ª fase da Operação Acrônimo, que investiga um esquema de corrupção envolvendo verbas do BNDES durante a gestão de Fernando Pimentel (PT) como ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Pimentel atualmente é governador de Minas Gerais.

A ação envolve Marco Antônio Rezende, chefe da Casa Civil de Minas, e outras pessoas ligadas às empresas de consultoria OPR e MOP no Estado, além de um esquema paralelo que pode envolver Pimentel com a empresa OAS, que está sendo alvo de mandado de busca e apreensão.

A MOP Consultoria e Assessoria começou suas atividades em novembro de 2012, tendo como sócios Rezende e o atual presidente da Companhia de Tecnologia da Informação de Minas (Prodemge), Paulo de Moura.

Entre 2001 e 2008, quando Pimentel era prefeito de Belo Horizonte, eles integravam o primeiro escalão da gestão municipal, tendo permanecido nos cargos até 2012, já na administração de Márcio Lacerda (PSB).

As suspeitas levam a indicar Pimentel como dono da consultoria e beneficiário dos recursos que ela recebeu. Indícios que corroboram para essa tese são notas fiscais que a Polícia Federal recolheu em fases anteriores da Operação Acrônimo, numa sala alugada por Pimentel para ser seu escritório político em Belo Horizonte.

As notas se referem a pagamentos feitos à MOP e outras empresas atribuídas pelos investigadores ao governador, como a OPR Consultoria Imobiliária, que está em nome de Otílio Prado, um dos principais assessores de Pimentel.

As investigações mostram que a MOP recebeu R$ 635 mil do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra), que representa as viações de ônibus da capital, contratadas na gestão do petista em 2008, para operar as linhas da cidade por 20 anos.

O faturamento previsto é de R$ 10 bilhões e Marco Antônio foi o coordenador da licitação. A empresa de Marco Antônio teve ainda mais 7 clientes, tendo um faturamento de R$ 1,9 milhão em 21 meses.

A MOP encerrou suas atividades em 2014, quando Pimentel venceu as eleições para governador. Os sócios trabalharam na campanha e, em seguida, na equipe de transição do governo.

As fases anteriores da Operação Acrônimo

Nas fases anteriores da Acrônimo, a Polícia Federal indiciou Pimentel e o empresário Marcelo Odebrecht por corrupção em esquema de liberação de financiamentos do BNDES à empreiteira. O governador de Minas foi indiciado pelo crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, enquanto Marcelo Odebrecht o foi por corrupção ativa.

O indiciamento aconteceu pouco depois da oitava fase da Acrônimo, que apurou cooptação e pagamento de vantagens indevidas para fraudar licitações no Ministério da Saúde, beneficiando uma gráfica de propriedade de Pimentel.

Na mesma fase, outra linha de investigação apurou a interposição de empresa na negociação e pagamento de vantagens indevidas a agente público para obtenção de financiamentos de projetos no exterior através do BNDES, em Angola, Cuba, Panamá, Gana, México e República Dominicana, sempre no interesse da Odebrecht.

Também ligado a Pimentel, a Polícia Federal investigou Felipe Torres e Sebastião Dutra. Torres é ligado à família de Pimentel e Dutra é proprietário da empresa Color Print. Segundo a PF, Dutra teria emitido notas fiscais falsas para uma empresa que havia feito obras no restaurante de Torres e para a campanha de Pimentel.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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