Operação Hidra de Lerna investiga governador da Bahia


05/10/2016 às 06h51
Por André Arnaldo Pereira

Terça-feira, 4 de outubro: a Polícia Federal deflagra mais uma operação, esta denominada Hidra de Lerna, que cumpre 16 mandados de busca e apreensão, investigando um esquema de financiamento ilegal de campanhas políticas no Estado da Bahia, além de outro de fraudes e licitações no Ministério das Cidades. O investigado é o governador Rui Costa, do PT da Bahia.

Os alvos da investigação são também empreiteira OAS e um diretório do PT na Bahia, tendo ainda os nomes dos ex-ministros Márcio Fortes (Cidades, no governo Lula) e Mário Negromonte (Cidades, no governo Dilma e atual conselheiro do Tribunal de Contas da Bahia) e da Propeg, empresa ligada à área de comunicações.

A Polícia Federal havia pedido autorização para fazer também buscas no gabinete do governador baiano, mas o Ministério Público Federal não concordou.

Os mandados foram deferidos pela ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, do STJ, em razão do foro por prerrogativa de função dos investigados, e a PF cumpre mandados na Bahia, no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.

Operação derivada de colaborações

A atual operação da PF é consequência de 3 colaborações de investigados na Operação Acrônimo, homologadas pela Justiça e em contínuo processo de validação pela Polícia Federal, tendo como origem dois novos inquéritos em tramitação no STJ.

De acordo com informações da PF, uma das linhas de investigação é sobre supostos esquemas para financiar ilegalmente campanhas eleitorais. A empreiteira OAS teria contratado de forma fictícia empresas do ramo de comunicação especializadas em realização de campanhas políticas, remunerando os serviços prestados a partidos e não à OAS.

Por outro lado, a PF também pretende investigar a ocorrência de fraudes em licitações e em contratos no Ministério das Cidades.

O nome da operação faz referência à figura da mitologia grega que, ao ter a cabeça cortada, ressurge com duas cabeças no lugar. O nome foi dado em virtude de a Operação Acrônimo, ao chegar a um dos líderes de uma organização criminosa, deparou-se com uma investigação que se desdobrou, exigindo a abertura de dois novos inquéritos.

O Ministério das Cidades informou, em nota, que não recebeu nenhuma notificação sobre operações da Polícia Federal envolvendo recursos da pasta. Caso receba, terá condições de avaliar do que se trata e poderá instaurar, de imediato, processos administrativos disciplinares para investigar a denúncia.

A Propeg também informou à imprensa que prestou todas as colaborações à Polícia Federal durante a busca e apreensão, ressaltando sempre os mesmos argumentos de tantas e tantas outras investigações, afirmando não ter qualquer conexão com o Partido dos Trabalhadores, o governador da Bahia ou a empreiteira OAS.

Tanto a imprensa quanto todo e qualquer cidadão brasileiro com bons níveis de inteligência percebem que argumentos não bastam para rebater processos investigativos. A negativa de qualquer relação com envolvidos, que possam envolver instituições, empresas e nomes da política ou da iniciativa privada há muito deixaram de apresentar-se como críveis.

Certamente, essa é uma herança do “nada sei” e “não conheço” de conhecida figura política, também alvo de investigações e inquéritos.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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