Operação Lava-Jato enfrenta uma “operação mãos sujas”


27/09/2016 às 15h59
Por André Arnaldo Pereira

Desde seu início, em março de 2014, a Operação Lava-jato vem enfrentando adversários poderosos, que arquitetaram inúmeras manobras com o objetivo de “estancar a sangria” provocada por Sérgio Moro e pela força-tarefa da operação. “Estancar a sangria” foi a expressão usada por Romero Jucá, presidente do PMDB e um dos investigados na Lava-jato.

Felizmente, até o presente momento, todas as manobras fracassaram. Lula tornou-se réu pela segunda vez e o maior fornecedor de propinas, Marcelo Odebrecht, está preso desde junho de 2015. Eduardo Cunha, o grande poderoso da Câmara dos Deputados, perdeu o mandato e o foro privilegiado. Dilma Rousseff teve o impeachment confirmado no Senado Federal.

Evidentemente, existem ainda muitos investigados e, certamente, muitas surpresas virão a público.

Vale, aqui, lembrar algumas tentativas semelhantes que deram resultado na Itália, mas que não estão sendo bem sucedidas no Brasil:

Da mesma forma que a Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália e que serviu de inspiração para os investigadores, a Operação Lava-Jato vem se tornando alvo de tentativas de armadilhas por parte dos investigados e de outras figuras poderosas, que temem ver seu nome envolvido nas falcatruas promovidas pelo Partido dos Trabalhadores e associados.

A Operação Mãos Limpas teve, durante as investigações, um decreto proibindo a prisão preventiva em crimes contra a administração pública e o sistema financeiro. Por sua vez, a Lava-Jato teve apresentado um projeto de lei impedindo que investigados façam delação premiada enquanto estiverem presos.

Na Itália, os parlamentares aprovaram a descriminalização de fraudes contábeis, anistiando empresários envolvidos na Operação Mãos Limpas e, aqui no Brasil, os deputados tentaram aprovar em surdina uma anistia para os que fizeram uso do caixa 2 nas eleições anteriores às deste ano.

Também na Itália houve uma tentativa, embora sem sucesso, de descriminalizar o caixa 2, embora tenha sido aprovada a redução de pena para crimes de corrupção.

O Brasil, por seu turno, está vendo correr um projeto que prevê punições mais severas para procuradores, delegados e juízes em caso de abuso de autoridade, projeto que vem sendo amplamente contestado pela imprensa e pela própria população, embora a impressão seja que de os parlamentares façam ouvidos moucos à realidade de fora de Brasília.

Ameaça de morte para Sérgio Moro

A Operação Mãos Limpas teve o seu juiz responsável assassinado na Itália e, aqui no Brasil, o juiz Sérgio Moro já foi vítima de ameaças de morte, razão pela qual só aparece em público cercado de seguranças.

As semelhanças e busca de blindar pessoas envolvidas em investigações, com tentativas de parar a Operação Lava-Jato não terminam aí: na Itália, os procuradores foram acusados de prisões ilegais e criticados pela crise econômica e pelo suicídio de acusados.

No Brasil, os integrantes da força tarefa da Lava-Jato estão continuamente sendo acusados de perseguidores, de sensacionalistas e de arbitrários. Finalmente, enquanto na Itália os procuradores foram alvo de dossiês que tentaram manchar a imagem da operação, também no Brasil dossiês com falsas acusações circularam, tentando incriminar Sérgio Moro, os procuradores e os delegados responsáveis pela Lava-Jato.

  • Lava Jato
  • PF
  • Sérgio Moro

André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


Comentários