Polícia Militar realiza Operação Carne Fraca e desmantela golpes e fraudes no setor alimentício


21/03/2017 às 11h53
Por André Arnaldo Pereira

O dia 17 de março de 2017 ficou marcado em todo o Brasil pela divulgação dos resultados das investigações da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal (PF), que desmantelou inúmeras fraudes e golpes em frigoríficos e empresas da área de alimentos. Neste esquema, as empresas maquiavam carnes com prazo de validade vencido com a aplicação de ácidos, reembalavam e colocavam novamente à venda. Posteriormente, as companhias contavam com a vista grossa de funcionários do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para a comercialização sem a fiscalização correta. A carne “maquiada” era repassada ao consumo do mercado nacional e internacional, conforme informações da Agência Brasil.

Segundo as apurações da Polícia Federal, vários dos maiores empreendimentos alimentícios do Brasil estão sendo investigados, como, por exemplo, a JBS e a BRF. A partir disto, a Justiça Federal do Paraná estabeleceu o bloqueio de aproximadamente 1 bilhão de reais das marcas sob suspeita.

Dinheiro do esquema era destinado a partidos políticos

A Polícia Federal descobriu ainda que uma quantia considerável do dinheiro entregue aos funcionários público era revertida para partidos políticos, como PP e PMDB. No entanto, não foram divulgados os nomes dos possíveis beneficiados pelo esquema.

“Não foi aprofundado porque o nosso foco era a saúde pública, a corrupção e a lavagem de dinheiro”, argumentou o delegado federal Maurício Moscardi Grillo, em entrevista coletiva.

É importante frisar que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, teve um telefonema flagrado com o ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, que está sendo investigado pela PF. Não houve a indicação de nenhuma irregularidade cometida pelo ministro até o momento.  “Por cautela, no entanto, foi necessário fazer esse informe aqui para não sermos questionados”, afirmou Moscardi a Agência Brasil.

Entenda a origem da Operação Carne Fraca

Por mais de dois anos, a Polícia Federal se dedicou a Operação Carne Fraca, que pode ser considerada a maior ação efetuada pela corporação com o envolvimento de mais de mil agentes federais para o cumprimento de 309 mandados em sete estados brasileiros: Santa Catarina, Brasília, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Goiás.

A iniciativa também investigou integrantes de agências de fiscalização do Ministério da Agricultura que receberam suborno para facilitar a venda da carne em condição irregular para consumo. Porém, os profissionais que deveriam fazer a fiscalização dos alimentos não ganhavam apenas propina, mas também produtos das empresas, de acordo com a Polícia Federal. Curiosamente, alguns dos agentes públicos já estariam questionando a excelência dos alimentos que recebiam para favorecer a fraude.

Governo Federal estabelece Força-Tarefa para fiscalização no setor

O presidente Michel Temer revelou que montará uma força-tarefa para intensificar as fiscalizações nos frigoríficos de todo o Brasil. “Quero fazer um comunicado de que decidimos acelerar o processo de auditoria nos estabelecimentos citados na investigação da Polícia Federal. Na verdade, são 21 unidades, no total, três dessas unidades foram suspensas e todas as 21 serão colocadas sob regime especial”, declarou Temer.

Apesar de todas as irregularidades apresentadas pela Operação Carne Fraca, presidente acredita que as empresas investigadas são uma parcela ínfima diante do setor alimentício nacional.

“É importante sublinhar que dos 11 mil funcionário do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados e das 4.837 unidades sujeitas à inspeção federal, delas, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregularidades”, frisou o presidente brasileiro, que compareceu a uma reunião de emergência neste domingo, dia 19 de março, com cerca de 40 representantes de nações que realizam a importação da carne brasileira.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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