Professora demitida por dar nota 10


31/08/2016 às 16h54
Por André Arnaldo Pereira

Uma professora de Direito da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Goiás, Bárbara Cruvinel, foi demitida após ter dado nota 10 para uma turma inteira.

A história teve início quando uma aluna da disciplina de Direito Civil foi reprovada e, de acordo com a docente, a ameaçou. Alegando não ter respaldo por parte da instituição de ensino e com medo, ela mudou a nota de todos os alunos, sendo desligada após o acontecimento.

A assessoria de imprensa da universidade informou que a demissão havia ocorrido por problemas didáticos e pedagógicos apresentados pela docente, ponderando ainda que a instituição iria manter os detalhes por ética.

A professora leciona há oito anos e revelou que a estudante insatisfeita havia reclamado em tom agressivo, dizendo querer outra nota ou outra prova, ou mesmo rever a média e que, se não resolvesse o problema, a professora iria sentir a dor em si própria e nos seus filhos.

Um dos alunos da mesma turma presenciou a discussão, contando que a aluna havia sido agressiva realmente. A professora, após procurar a reitoria da faculdade, não obteve qualquer resposta por sua reclamação e, por receito, resolveu mudar a nota de todos, inclusive da estudante reprovada.

O caso ganhou repercussão dentro da universidade, chegando ao ponto de culminar com a demissão da professora, sem qualquer explicação sobre o real motivo, recebendo apenas a informação de que não havia razão explícita para o fato.

Para a maior parte dos estudantes, a situação não pode ser encerrada com a demissão da professora e, sentindo-se prejudicados, fizeram um protesto em frente à universidade pedindo sua recontratação. Para os alunos, trata-se de uma arbitrariedade, já que os alunos devem respeitar o professor e não haver o prejuízo de um grande número de alunos em virtude da postura de apenas uma.

O caso está sendo investigado, segundo a PUC-GO

A instituição de ensino garante que o caso se encontra em investigação, sem explicar exatamente que posição será tomada, seja com relação à professora, seja com relação à aluna que a ameaçou.

Para a professora, o caso ainda está pendente, já que ainda não resolveu se pretende entrar na justiça para retornar ao cargo que ocupava na universidade. No entanto, ela pondera que é necessário retornar à sala de aula, reassumindo suas turmas, uma vez que o semestre letivo está em curso e que não pretende prejudicar os alunos.

O caso, no entanto, traz à baila a situação do ensino no Brasil, onde professores são constantemente ameaçados e muitas vezes agredidos pelos alunos. O professor deve ser visto como uma pessoa com autoridade para tomar as decisões que considerar mais acertadas e não se tornar refém de alunos que não foram devidamente educados em suas famílias.

Distorce-se a posição dos pais, que hoje delegam à escola uma obrigação que lhes é inerente, ou seja, a educação deve ser fornecida pela família, enquanto que a escola é quem fornece o conhecimento necessário para que pessoas educadas possam encontrar a melhor formação para o seu futuro.

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André Arnaldo Pereira

Advogado - Santa Rosa, RS


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