A notícia foi veiculada por todos os jornais e emissoras de rádio e TV: Suzane von Richthofen deixou a prisão na saída temporária do Dia dos Pais.
Para a maior parte da população, a situação é irônica: foi a própria Suzane quem participou da trama montada pelo ex-namorado para assassinar os pais. Uma saída da prisão nessa data, como já ocorreu com o Dia das Mães, soa, no mínimo, como contrassenso.
Suzane também protagonizou outro problema quando, em maio último, na saída do Dia das Mães, forneceu endereço falso, um caso revelado pelo Fantástico, na Globo, que resultou em sua prisão em cela isolada, como punição pela falsa informação. No entanto, em julho, ela foi absolvida pela Justiça, que considerou que ela não havia agido de má fé, o que lhe concedeu novamente o benefício das saídas temporárias, já que ela cumpriu um sexto da pena e tem bom comportamento.
Sincera ou manipuladora?
Não somente pela situação em que se envolveu, Suzane é um caso que atrai a atenção. Os especialistas, médicos e psicólogos que acompanham o caso, procuram saber se Suzane é uma pessoa sincera ou se é uma manipuladora contumaz.
De acordo com a Justiça, ela ainda não é uma criminosa recuperada, o que não lhe permite sair da cadeia, mas as opiniões são divergentes.
Em entrevista com psiquiatras, psicólogos e assistente social, ela havia pedido uma segunda chance. Segundo um psicólogo e professor de criminologia, ela se mostra arrependida, dizendo que o ocorrido com a morte dos pais foi uma grande desgraça, mas os testes psicológicos e psiquiátricos mostraram que algumas características de sua personalidade não mostram o arrependimento.
Suzane, segundo os testes, ainda se mostra uma pessoa agressiva, com conflitos psicológicos profundos, o que não permite que a Justiça lhe conceda o direito de regime semiaberto.
Ela está presa desde 2007. Atualmente com 26 anos, também frequenta cultos evangélicos e trabalha na oficina de costuras da prisão. No tempo disponível, pega muitos livros, estuda muito e é considerada por todos os funcionários do presídio como uma presa exemplar.
Mesmo que ela diga que está recuperada, que já pode sair da prisão, os profissionais de psiquiatria que cuidam dela não concordam. Segundo eles, Suzane é uma pessoa de nível universitário, muito inteligente e bastante esperta para saber como deve agir e se comportar para receber os benefícios concedidos pela legislação.
Mesmo apresentando esse comportamento considerado exemplar, pessoas próximas a Suzane, dentro da prisão, dizem que ela é uma pessoa manipuladora, que se comporta de acordo com a conveniência. Uma presa entrevistada pelo Fantástico disse que ela escolhe duas presidiárias para lhe oferecer a proteção necessária dentro da cadeia, oferecendo, em troca ajuda dos seus advogados.
Quando as presas protetoras conseguem qualquer benefício, como um regime semiaberto, por exemplo, Suzane não titubeia: escolhe novas pessoas que possam ser suas novas protetoras.
Um caso bastante curioso dentro da criminalística brasileira, Suzane Richthofen merece, no mínimo, ser bem acompanhada pela Justiça.